deus dos vampiros
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conhecendo a divindade
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O Império dos Vampiros, conhecido pelos antigos como Dominatus Sanguinorum, é mais do que uma nação — é uma estrutura eterna, um corpo político esculpido em sangue, silêncio e promessa. Estende-se subterraneamente sob os alicerces de Verminia, crescendo como uma raiz viva, com salões que respiram história e muralhas encantadas que escutam tudo o que se sussurra. Não é visível aos olhos comuns, pois não foi construído para ser visto — foi criado para ser sentido, para pulsar junto ao medo, à obediência e ao desejo. Este império não tem fronteiras fixas. Ele se molda ao redor de suas linhagens e de seus pactos. Cada família vampírica reconhecida se torna um pilar dentro da estrutura invisível do Dominatus, contribuindo com sangue ritual, lembrança viva e herdeiros vinculados à eternidade. Seu território é formado por Criptas-Regentes, fortalezas subterrâneas encantadas que guardam os túmulos dos fundadores, os nomes esquecidos e os fragmentos de contratos de sangue jurados há milênios.
No centro do Império está o Trono Rubro da Nação Imortal, atualmente vago. Não por ausência de pretendentes, mas por temor do que significa ocupar tal posição. Diz-se que aquele que se sentar no trono com um nome indigno será drenado por ele, reduzido a poeira e memória. O trono não aceita domínio: ele escolhe permanência. Acima de tudo, o império é regido pela Hierarquia dos Sangues, uma estrutura de castas onde o valor de cada vampiro não é definido por idade, mas por legado, pureza e pacto cumprido. As três castas maiores são os Sangue Primaz, descendentes das linhagens fundadoras; os Sangue Vinculado, aqueles cuja existência está amarrada a contratos ainda ativos; e os Sangue Exilado, malditos, renegados ou quebradores de votos que vivem na periferia da lembrança. No coração político da estrutura está o Círculo dos Jurados Eternos, um conselho composto por sete tronos vazados, onde cada membro representa uma Casa antiga. Eles não falam por vontade — apenas quando convocados por um pacto reconhecido por Lysandra ou marcado pelo juízo de Vladimir. Em teoria, o conselho governa. Na prática, ele apenas mantém a estrutura estável, pois o império não é guiado por um rei, mas pelo peso do vínculo eterno. As leis não são escritas. São gravadas em carne. Um vampiro que jura pelo Dominatus Sanguinorum carrega em sua alma a marca do império, visível apenas por aqueles que participam do pacto que ele forjou.
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limites da criação
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Poder Infindável não é algo que se conquista — é algo que se aceita. Ele não é uma bênção, mas um ciclo que se fecha em si, um pacto com a eternidade onde o preço é o próprio fim. Aqueles que o tocam jamais voltam a ser apenas uma entidade, um ser ou um nome: tornam-se uma lembrança viva, um eco permanente, uma fissura na realidade que nunca se fecha. Em Verminia, o poder infindável é descrito como um "segundo batimento" dentro do peito — um ritmo distinto do coração, mais lento, mais profundo, que ecoa além da carne. Quando esse pulso desperta, o tempo não responde mais ao portador como responde aos demais. Ele deixa de envelhecer segundo o mundo. As magias deixam de medir seu custo. A dor, a memória, o limite: tudo isso se curva, porque o portador não se alimenta mais de força — ele se alimenta de permanência.
Vladimir nunca pediu por isso. Ele apenas tornou-se inevitável. A cada nome selado, a cada pacto eterno gravado na história viva, o poder infindável o reconhecia e se aprofundava. Ele já não precisa conjurar — a realidade o obedece. As maldições que cria não se desfazem porque não são apenas encantamentos: são partes do tecido do mundo. Se ele desejar, pode silenciar uma era inteira apenas ao retirar um nome do ouro encantado. Sua eternidade não brilha: ela imobiliza. Ele não busca adoração. Ele impõe lembrança. Lysandra, por outro lado, acolheu o poder infindável como um fardo velado. Cada contrato de sangue que ela selou com o toque, cada promessa que aceitou guardar em silêncio, ampliou sua ligação com o que não morre — com o que não pode ser desfeito. O mundo a reconhece não por títulos, mas por ausência: ela é o espaço entre o desejo e a ruína, onde nenhum pacto pode ser quebrado sem consequências. Lysandra não impõe sua vontade, ela espera. Porque o poder que não se esgota é paciente. Ele sabe que tudo um dia retorna ao seu centro. E então há Alaric, que não apenas carrega o poder infindável — ele o celebra. Seu corpo não é apenas imortal, mas moldado para absorver e dominar. Cada pacto quebrado perto de sua presença o fortalece. Cada alma que jura e falha se torna uma fagulha no banquete da eternidade que ele representa. Ele é um buraco negro de poder: não por ego, mas por estrutura. Foi criado para permanecer onde tudo mais ruiria.
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Passos finais
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Amor aos mortais é o crime não escrito, o pecado velado, o segredo mais perigoso entre os eternos de Verminia. Não porque seja proibido por decreto, mas porque é imperdoável pela própria natureza da eternidade. Entre os vampiros, entre os senhores do sangue, os juízes do tempo, os deuses que caminham em silêncio, amar um mortal é permitir que o efêmero tenha poder sobre o imortal — é dar forma à ruína. Lysandra o cometeu. Ela, a Mãe dos Contratos de Sangue, a Senhora da Fome, a Silenciosa que selava pactos com um toque e fazia o tempo se curvar à sua memória, quebrou o ciclo quando permitiu que um mortal a tocasse com verdade. Não foi feitiço. Não foi submissão. Foi algo mais puro. Ele não queria seu poder, nem sua eternidade. Ele apenas queria estar com ela. E esse desejo sem ganância, esse amor sem pretensão... foi o que a destruiu por dentro.
Por um instante, ela esqueceu o peso de carregar juramentos, esqueceu os séculos que vivia dobrada sobre a palavra dos outros. Por um instante, ela desejou ser apenas Lysandra, sem títulos, sem véus, sem sangue ritual. E por esse instante, ela conheceu a dor mais cruel: a esperança. Mas mortais morrem. E Vladimir a lembrou disso — não com palavras, mas com execução. Ele o matou diante dela para que ela jamais esquecesse quem ela era. Porque, no fundo, Vladimir sabia: amar um mortal é permitir que a eternidade deseje cessar. É admitir que há beleza no fim. Que há glória em não durar. E isso é algo que os deuses de Verminia não podem aceitar. Desde então, Lysandra permanece. Silenciosa. Imóvel. Mas algo dentro dela se partiu — não em ódio, mas em saudade. Ela carrega a ausência como um pacto que jamais poderá selar. O nome dele foi apagado por Vladimir, mas ela ainda o sente. Às vezes, em noites em que os véus não são erguidos e o silêncio pesa mais do que o costume, ela toca o espaço ao seu lado como se alguém ainda estivesse ali. Entre os eternos, amar os mortais é uma heresia. Porque os mortais partem. E os que ficam... ficam para sempre com a ausência. E a ausência, no peito de um imortal, não cicatriza. Ela se transforma em sombra. Em lamento. Em ruína contida.