pecado da soberba
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Baal, como descrito em Midrel, é o primeiro e mais alto demônio listado entre os 72 espíritos infernais, carregando o título de Rei do Oriente. Sua autoridade, múltiplas vozes e a forma tríplice (com cabeças de homem, gato e sapo) são sinais de domínio, presença multifacetada e onipresença ilusória — tornando-o uma escolha perfeita como avatar do pecado da Soberba. Na forma adaptada como Baal, o Pecado da Soberba, ele representa a exaltação de si mesmo acima de todas as coisas. Sua existência personifica o ego elevado ao ponto de divinização, a crença absoluta na própria superioridade, e a rejeição da humildade como fraqueza. Baal não deseja submissos — deseja espelhos. Ele inspira reis a se tornarem tiranos, profetas a se declararem deuses, e almas comuns a acreditarem que nenhum erro seja real.
Seu trono está erguido não sobre servos, mas sobre ecos de adoração esquecida. Ele reina por presença, não por violência. Sua voz preenche o ar como um som que não pode ser ignorado, e sua simples aproximação faz os corações inflarem de orgulho, até que a queda se torne inevitável. Baal caminha em palácios de ouro negro, adornados com reflexos distorcidos de quem o encara — cada um mostrando a versão mais gloriosa e mentirosa de si mesmo. Ele não precisa mentir: apenas amplifica o que o ser já quer acreditar. Onde Baal toca, nascem impérios que acreditam ser eternos — e ruínas que se recusam a admitir que ruíram. Seu símbolo é uma coroa flamejante de três pontas, com um olho no centro que nunca fecha, e observa a todos.
características da besta
conhecimento geral
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Diferente dos demônios brutos que corrompem a matéria, Baal corrompe o espelho da alma — não com mentira, mas com uma verdade distorcida: a exaltação de si mesmo acima do mundo, acima dos deuses, acima do próprio destino. Seu nome é sussurrado em salões dourados, palácios decadentes e templos que se perderam no brilho de sua própria glória. Ele não age nas sombras — ele reina sob holofotes. Baal é o patrono daqueles que ascendem não por mérito, mas por manipulação; dos magos que se creem deuses; dos reis que se veem como eternos. É dito que todo império que desmorona no auge de seu poder teve, em algum momento, Baal sentado como conselheiro invisível.
Em termos espirituais, Baal não é apenas um demônio ou uma força maligna — ele é uma presença arquetípica, a Soberba em forma consciente, aquela que primeiro se recusou a se curvar diante da Criação, declarando-se superior à própria luz. Segundo os estudiosos de Iraleth, sua essência foi aprisionada nos espelhos negros do Véu Interno, uma região do Submundo de Midrel onde as almas encaram a verdade distorcida sobre si mesmas. Dizem que Baal aparece como um ser de luz perfeita e forma sublime, mas que sua presença consome pouco a pouco a identidade do observador. Aos mais fracos, ele oferece coroas falsas; aos fortes, oferece um trono real — mas sem retorno. Suas palavras nunca ordenam: elas convencem, pois ele fala com a voz que cada um quer ouvir. No continente onde Midrel reside, cultos silenciosos o adoram sob o título de "O Rei dos Três Reflexos", e seu símbolo — um espelho trincado com uma coroa flamejante no centro — é proibido em reinos que ainda preservam a humildade como valor divino. Magos que seguem sua doutrina buscam dominar os dons da luz apenas para brilhar mais alto que os outros, e muitos não percebem que já estão sendo alimentados por sua essência.
pacto demoníaco
sangue soberbo
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O Pacto Demoníaco de Baal, em Midrel, não é selado com sangue ou gritos — mas com silêncio e aceitação da própria superioridade. Ao contrário de outros pactos infernais que envolvem submissão e troca direta de favores por servidão, o pacto com Baal é uma ascensão ilusória: ele não oferece poder. Ele faz o conjurador acreditar que já o possui. E é nesse orgulho desperto que o selo se firma. Baal se manifesta como um conselheiro interno, uma voz refinada que não manda, mas elogia, exalta, e convence. O pacto não é verbalizado — é selado no momento em que o mortal rejeita a humildade por completo e acredita que seu caminho é superior a qualquer lei divina, moral ou arcana. A partir desse instante, Baal se torna parte do pensamento — um reflexo constante que orienta, aprimora, mas também isola.
Baal não se revela como uma entidade grotesca ou ameaçadora. Ao contrário, ele aparece com uma beleza impossível, com uma luz falsa que imita a perfeição. Sua presença é irresistível não por medo, mas por admiração. Ele é tudo o que o ego deseja se tornar: majestoso, respeitado, indiscutível. E quando fala, não ordena — afirma com naturalidade o que o pactuante já queria ouvir. Que o mundo o subestima. Que os deuses falharam. Que seus dons são únicos. Que ninguém merece mais do que ele. E a cada pensamento validado, a ligação se aprofunda, até que o pacto seja selado sem que uma única palavra seja dita em voz alta. O pacto concede a ilusão de soberania. O mundo se curva, mas não por respeito — e sim por manipulação sutil da percepção. As vontades alheias se dobram, os segredos se revelam, e até os deuses parecem distantes, pequenos diante do brilho crescente da autoimagem. O conjurador acredita estar ascendendo, quando, na verdade, está sendo lentamente esvaziado de tudo que não o serve. Relações se tornam servos, memórias se tornam conquistas, emoções viram ferramentas. Nada mais importa além do próprio reflexo. E é nesse reflexo que Baal vive, observa e molda. Mas não há grilhões. Não há prisão. O verdadeiro inferno deste pacto é que o pactuado acredita que escolheu tudo por si mesmo. A queda não vem por punição, mas por consequência inevitável. Quanto mais elevado se sente, mais isolado se torna. E quando por fim a alma se desprende do corpo, Baal não a arrasta — ele a acolhe. Ele a sela em seus salões de espelhos eternos, onde reviverá incessantemente o instante da própria glorificação, como uma chama eterna de soberba congelada no tempo de sua alma.
poder da besta
senhorio do espelho
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O poder de Baal, em Midrel, é chamado de Dominus Speculi — o Senhorio do Espelho, a força absoluta da imagem sobre a essência, da aparência sobre a substância, da glorificação sobre a verdade. É o dom de reinar sem tocar, de subjugar sem levantar a voz, de dominar não pela imposição física ou mágica, mas pela manipulação da percepção, da autovalidação e da ilusão de grandeza. Com Dominus Speculi, Baal não apenas influencia o mundo: ele reconstrói a realidade ao redor de sua presença conforme o olhar alheio o reconhece como superior. Seu poder se manifesta como uma distorção sutil, quase imperceptível, que força mentes, corações e até mesmo leis espirituais a curvarem-se à sua imagem. Em sua presença, as certezas dos outros vacilam.
O que é falso parece verdadeiro. O que é pequeno parece grandioso. E o que é indigno parece inevitavelmente digno. Não porque Baal mente, mas porque ele molda o mundo a partir do reflexo que os outros desejam ver. Esse poder faz com que espelhos e reflexos se tornem canais da sua influência. Ele enxerga através deles, fala por eles, age por eles. Em campos de batalha, sua silhueta pode surgir não fisicamente, mas nas pupilas dos que o encaram. Em câmaras silenciosas, sua voz pode ecoar do brilho de um cálice polido. Aqueles que o enfrentam jamais o veem como ele é — apenas como aquilo que mais temem, invejam ou desejam ser. Dominus Speculi também lhe concede o domínio sobre a imagem interna. Ele pode fazer um rei duvidar da própria legitimidade, um herói afogar-se no orgulho, um deus hesitar diante de sua divindade. Pois a força de Baal não destrói corpos — destrói convicções. E uma vez quebrada a certeza de quem se é, todo o resto desmorona. Mas seu poder mais sutil e terrível é a Coroação Ilusória: o momento em que Baal coroa um mortal com sua bênção. A vítima passa a crer que é imbatível, predestinado, necessário ao mundo. Por fora, nada muda. Mas por dentro, tudo que não reforça essa crença se dissolve: lealdade vira obediência cega, empatia vira fraqueza, e amor vira um recurso. Esse ser, já transformado, torna-se um espelho vivo do próprio Baal — e passa a estender seu domínio.
informações adicionais
principio absoluto
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Baal não é apenas uma entidade infernal — ele é um princípio absoluto, uma força de distorção que age sobre tudo aquilo que é observado e admirado. Seu domínio vai além do plano físico: ele altera o valor da identidade, distorcendo o que é genuíno em nome da glória. Ele se alimenta de reconhecimento, e quanto mais sua imagem é exaltada — direta ou indiretamente — mais forte ele se torna. Mesmo aqueles que não o adoram, mas cultuam sua própria imagem, reforçam sua existência no plano espiritual. Ao contrário de outros grandes demônios de Midrel que agem por pactos de submissão ou corrupção visceral, Baal nunca se apresenta como inimigo. Ele é sedutor, educado, articulado, e veste a aparência que mais conforta quem o vê. Pode aparecer como um mestre arcano perfeito, um monarca iluminado, um pai ausente, um reflexo idealizado. A ilusão de controle que ele oferece é tão eficaz que muitos de seus servos nem sabem que servem. Eles acreditam que são autores de seus próprios destinos, quando, na verdade, já refletem a vontade dele com cada escolha orgulhosa.
Baal possui um domínio sutil sobre a memória coletiva. Eventos, feitos e vitórias associadas a ele ganham proporções míticas. Ele pode apagar falhas, exagerar conquistas e reescrever a história dos seus servos com um toque de aura, fazendo com que o mundo os veja como heróis invencíveis, mesmo quando seus atos foram cruéis ou vazios. Isso torna seus campeões perigosíssimos: líderes reverenciados que não possuem mais consciência de sua decadência moral. Seus seguidores, chamados de Refletidos, são comuns nas altas cortes, em guildas de prestígio, ou entre magos que buscam transcendência através da imagem e do nome. São facilmente identificáveis por aqueles que conhecem o símbolo oculto de Baal: o espelho trincado com a coroa invertida. Mas esse símbolo raramente é usado publicamente — pois Baal não precisa de adoração aberta, apenas de adoração disfarçada de autoamor. Seu nome verdadeiro em Midrel foi perdido. "Baal" é apenas o título que restou, derivado de sua função como mestre das vaidades absolutas. É dito que aquele que descobrir seu nome real poderá quebrar sua influência por um momento... mas também verá sua própria alma despida de ilusões para sempre. Entre os mais antigos conjuradores, é sabido que Baal não pode ser banido. Ele só pode ser esquecido. E esquecer o reflexo... é esquecer a si mesmo.