terra sem lei
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Bloqueado
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linguagem |
Khazun
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território |
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cultura |
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influência |
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informações do continente
lar do impuro
Elgralis é mais do que a Terra Sem Lei — é também conhecido em sussurros malditos e versos arrancados da sanidade como o Lar do Impuro. Esse título não foi dado, mas sim conquistado, forjado ao longo de eras por todos aqueles que foram rejeitados, exilados, corrompidos ou amaldiçoados pelo restante do mundo. Aqui, o termo "impuro" não é ofensa — é identidade. Elgralis acolhe o que outros continentes escondem, caça ou negam: os híbridos esquecidos, os magos profanos, os filhos de pactos proibidos, os traidores dos deuses e os que nasceram fora de toda estrutura reconhecível. Enquanto Avaloria exalta a glória, Thornwald guarda o desespero, e Ravenspire reverencia o instinto, Elgralis celebra a deformidade como força, a quebra como libertação, e a ruína como renascimento. É neste continente que as aberrações encontraram refúgio — não por misericórdia, mas porque aqui não há quem imponha limites sobre o que se deve ser. Monstros, amaldiçoados e aberrações mágicas vivem entre humanos, muitas vezes indistintos dos demais, porque a impureza em Elgralis não é aparente — é essência.
A própria terra parece marcada por essa condição. O solo exala instabilidade. As montanhas surgem como cicatrizes. Lagos inteiros se transformam em espelhos vivos onde as formas dos que olham se distorcem. Florestas amaldiçoadas sussurram nomes que ninguém deveria lembrar. Nada em Elgralis mantém uma forma pura por muito tempo. É como se o continente rejeitasse a estabilidade — tanto da carne quanto da alma — e exigisse que tudo se transforme, se corrompa, se torne algo novo, ainda que à custa da identidade. Os cultos aqui não seguem divindades celestes. Eles seguem entidades esquecidas, fragmentos de deuses caídos, ecos de promessas rasgadas. Muitos dos seguidores não têm nomes — apenas símbolos, cicatrizes e títulos dados em pesadelos. Nesses cultos, a pureza é vista como arrogância, e o sagrado, como mentira. A verdade, para os impuros, está na mistura, na mutação, na colisão de tudo que o mundo tenta separar. E entre tudo isso, Elgralis permanece vivo. Não como um império. Não como uma civilização. Mas como um organismo pulsante, faminto, imprevisível. Um refúgio e uma maldição. Um lar para os que não pertencem a lugar algum — porque aqui, ninguém pertence, e por isso mesmo, todos têm o direito de existir. No Lar do Impuro, as leis são quebradas como ossos, os pactos são escritos com chagas, e a liberdade é um veneno que só os fortes tem.
cultura do continente
corrompimento antigo
Elgralis nem sempre foi o que é hoje. Antes de se tornar a Terra Sem Lei, o Lar do Impuro, ela foi um continente de esplendor e bênçãos, conhecido em eras esquecidas como o Jardim dos Juramentos. Sua terra era fértil, seus rios fluíam com águas encantadas que curavam, purificavam e iluminavam o espírito. As cidades reluziam com arquitetura feita de mármore e cristal, e as vozes dos deuses ecoavam livremente pelos salões sagrados. Elarion era um farol de equilíbrio, onde o divino e o mortal coexistiam em harmonia. Era ali que os pactos celestes eram forjados, onde os primeiros tratados entre as raças foram selados, e onde os chamados “Filhos da Graça” — seres iluminados nascidos do elo direto com os planos superiores — andavam entre o povo como guias vivos. Mas o equilíbrio é frágil. E quanto maior a luz, mais profunda é a sombra que se forma atrás dela.
O corrompimento de Elarion não veio com guerra, nem com invasão externa. Veio de dentro. Surgiu em sussurros, em dúvidas, em desejos que as bênçãos não podiam conter. Alguns começaram a questionar os dogmas divinos. Outros desafiaram os limites da criação, buscando novas formas de poder, de prazer, de existência. E os deuses, até então generosos, recuaram. Aqueles que ousaram ir além da pureza foram marcados como impuros. Suas formas começaram a mudar. Suas vozes carregavam ecos que não pertenciam mais ao plano da luz. Foram exilados, escondidos, caçados. Mas o que foi rejeitado não se calou. Surgiram os primeiros cultos aos esquecidos — fragmentos de deuses caídos, entidades banidas do ciclo da criação, sombras famintas por propósito. E a terra respondeu. A magia antes clara tornou-se instável. Os campos secaram. As cidades caíram. Os Filhos da Graça enlouqueceram ou desapareceram. E os exilados retornaram, agora irreconhecíveis, trazendo consigo novas leis, novas formas, novas verdades. O continente inteiro se partiu, física e espiritualmente. O que era Elarion desapareceu dos mapas e da memória da maioria dos povos. Em seu lugar, nasceu Elgralis — um continente de fronteiras quebradas, onde os pactos foram rasgados e as bênçãos transformadas em maldições. Os templos foram tomados por novas forças. As estátuas dos antigos deuses foram derretidas ou substituídas por símbolos orgânicos, pulsantes, cambiantes. E onde antes havia orações e cantos celestes, hoje ouvem-se cânticos em línguas corrompidas, invocando nomes esquecidos.
pontos fortes
ilha das bençãos
A Ilha das Bênçãos é o último fragmento sobrevivente de um tempo esquecido — uma relíquia viva da antiga era, preservada como se o próprio mundo tivesse se recusado a permitir que toda a luz se apagasse. Separada do continente principal de Elgralis após o Grande Corrompimento, a ilha flutuou à deriva nos mares do sul por séculos, envolta em nevoeiros encantados e correntes que confundem toda tentativa de aproximação não autorizada. Enquanto Elgralis tornou-se o Lar do Impuro, marcado por caos, mutações e liberdade selvagem, a Ilha das Bênçãos manteve-se pura, intocada, imaculada — como se o tempo ali houvesse parado pouco antes da queda. Seus campos ainda florescem com a antiga magia de Elarion, suas fontes curam feridas físicas e espirituais, e seus céus brilham com uma aurora dourada mesmo em noites sem lua. Os ventos que sopram em sua direção carregam cânticos suaves, e a própria natureza parece cantar em harmonia constante.
Os que ali vivem são poucos, chamados de Os Guardiões do Juramento, descendentes diretos dos Filhos da Graça que se recusaram a se corromper ou tomar parte nas guerras civis do passado. Com o tempo, eles se tornaram seres quase míticos — altos, serenos, com olhos que brilham como espelhos d’água e palavras que curam ou selam, dependendo da necessidade. Eles preservam os antigos ritos, os nomes dos deuses esquecidos e a linguagem pura de Elarion, uma língua sagrada que só pode ser ensinada através de canções e memória espiritual. A ilha em si parece viva, protegida por uma barreira natural e mágica que repele o mal, a corrupção e qualquer coisa que carregue a essência distorcida de Elgralis. Muitos tentaram conquistá-la, seduzidos por lendas de poder e pureza. Todos falharam. Há histórias de navios que viram suas velas queimarem em silêncio, de invasores que enlouqueceram ao pisar em suas margens, e até de monstros de Elgralis que simplesmente se desfizeram em cinzas ao tentar atravessar o véu. A Ilha das Bênçãos não interfere no mundo. Ela observa. Como se aguardasse o dia certo, o herdeiro certo, ou o momento exato em que o equilíbrio do mundo pedirá sua intervenção. Há profecias entre os Guardiões que dizem que, um dia, um dos impuros tocará o solo da ilha e não será rejeitado. Nesse dia, o ciclo da queda se fechará, e a antiga Elarion poderá renascer — não como era antes, mas como precisa ser.