SEGUNDO espírito
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Graaln, o Espírito da Terra, é a personificação elementar da estabilidade, resistência e memória do mundo em Midrel. Diferente do furor impiedoso de Ifrit, Graaln se manifesta como uma força silenciosa, profunda e imutável, cuja presença inspira reverência, temor e respeito aos ritmos antigos da existência. Ele não é apenas um espírito — ele é a Terra viva, aquela que sustenta tudo e que guarda os ecos de eras esquecidas sob cada rocha. Graaln habita as profundezas insondáveis do mundo, em um domínio conhecido apenas nos mitos como o Abismo Raiz, um plano onde as camadas da terra se entrelaçam como colunas de tempo comprimido. Lá, rios de minerais vivos serpenteiam entre florestas petrificadas, e montanhas se curvam ao seu redor como sentinelas eternas, dentro dos limites.
Sua forma é imensa e quase incompreensível aos olhos mortais: um colosso feito de camadas geológicas, raízes de mundos antigos e cristais que emitem pulsações rítmicas — como se o próprio mundo tivesse um coração enterrado sob os continentes. O corpo de Graaln é coberto por placas de rocha viva que se movem lentamente, como placas tectônicas em constante mutação. Em meio a sua pele, cresce musgo ancestral, flores minerais e até ruínas esquecidas por civilizações extintas — como se ele fosse a própria história acumulada do mundo em forma de titã. Seus olhos são dois geodos gigantes que brilham com a luz interior de um sol subterrâneo, e sua voz, quando ouvida, é como o retumbar de avalanches, terremotos ou dizimação.
características da besta
conhecimento geral
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Sua cabeça tem a forma de um semblante esculpido em basalto bruto, com feições firmes e silenciosas, como a face de uma estátua esquecida por milênios. Seus olhos são dois orbes de cristal âmbar profundo, que brilham com uma luz cálida e constante, refletindo paciência e sabedoria inquebrantáveis. Ao seu redor, a terra se curva, como se reconhecesse sua ascendência sobre tudo que é sólido. Seu corpo emana um magnetismo denso e sereno, e seus movimentos fazem o solo estremecer com ondas sísmicas sutis, quase como batimentos cardíacos do mundo. De suas costas brotam pilares de pedra que se projetam como formações montanhosas, e suas mãos são largas, como rochas que moldam os vales. Cada passo de Graaln deixa para trás não apenas pegadas, mas alterações permanentes na geografia — fendas, colinas ou platôs que surgem como consequência natural de sua passagem. Sua voz, quando ressoa, é como o som de pedras rolando no abismo, carregada de uma gravidade que se impõe ao silêncio.
Sua cabeça lembra uma formação rochosa ancestral, esculpida não por mãos mortais, mas pelas eras. Seu rosto não demonstra emoção como um ser vivo comum, mas carrega uma expressão de serenidade absoluta — uma calma tão profunda que impõe respeito, mesmo diante da maior ameaça. Os olhos de cristal âmbar que o observam parecem ver além da carne e da mente; eles enxergam a fundação dos seres, suas raízes, seus pesos e tudo o que os ancora ou desequilibra. Em sua presença, as forças da natureza reagem em harmonia. O solo se ergue em oferenda, árvores curvam-se, e até os ventos se tornam mais lentos, respeitando a solidez absoluta de sua essência. Animais da floresta e criaturas subterrâneas o acompanham como sombras silenciosas, não como servos, mas como parte de um ecossistema que reconhece Graaln como o eixo invisível que mantém o mundo firme. Mesmo parado, ele transforma tudo ao seu redor. Novas formações geológicas surgem onde ele repousa, veios minerais brotam do solo, e estruturas naturais com simetria quase mística se erguem como se obedecessem a uma lógica maior, arquitetada por sua simples existência. Quando se comunica, não o faz com palavras, mas com o som profundo de camadas se movendo nas entranhas do mundo — uma linguagem de placas e pulsações que apenas os mais sábios conseguem interpretar.
localidade da besta
montanha das eras
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A morada da besta da Terra se encontra nas profundezas do mundo, muito além do alcance das cidades, dos mapas e da luz do sol. Não é um local que possa ser simplesmente alcançado; é necessário descer por quilômetros de rocha viva, atravessando camadas esquecidas de história mineral, florestas de pedra fossilizada e túneis antigos que vibram com uma pulsação surda — como se o próprio mundo tivesse um coração enterrado no silêncio. Essa região é um domínio de quietude absoluta. Não há vento, nem pássaros, nem ecos. O ar é denso, saturado pelo peso do tempo, e a escuridão não é ausência de luz, mas uma presença constante e viva, como se observasse quem ousa atravessar. As paredes das cavernas cintilam com cristais antigos que crescem em padrões perfeitos, como se obedecessem a uma inteligência geométrica invisível. Há calor, mas não do fogo — um calor que emana das entranhas do planeta, úmido, contínuo, pressionando o corpo e a mente.
Ao se aproximar da morada da besta, a própria geografia começa a reagir. O solo se torna firme demais para ser perfurado, as pedras parecem se mover de forma imperceptível, bloqueando caminhos e abrindo outros conforme a vontade de uma consciência subterrânea. A gravidade parece diferente, puxando não só o corpo, mas também os pensamentos para baixo, como se tudo ali conspirasse para ancorar o visitante no presente eterno da terra. Formações colossais surgem do nada: pilares naturais tão altos que somem nas trevas do teto cavernoso, saliências que se assemelham a costelas gigantescas ou arcadas de templos esquecidos, e lagos imóveis de lama mineral onde nenhum reflexo se forma. Árvores de pedra, enraizadas em séculos, crescem em direção ao centro do mundo, e suas folhas, feitas de rocha translúcida, tilintam como sinos ao menor toque sísmico. Ali, tudo é lento. O tempo parece se arrastar como um animal velho e pesado, e os sentidos se embaralham, tentando acompanhar a vibração ancestral do lugar. Vozes são engolidas pelas rochas, e até a magia se comporta de forma densa, como se fosse filtrada por camadas invisíveis de minerais milenares.
poder da besta
raiz do fim
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O poder supremo da besta da Terra, a encarnação da vontade geológica que antecede toda vida e sucede toda destruição. Não é uma força explosiva ou devastadora no sentido comum, mas uma manifestação implacável de encerramento absoluto — um fim que não ruge, não queima, não grita. Ele simplesmente acontece, como o colapso inevitável de uma estrutura corroída pelo tempo, como o silêncio que se impõe quando tudo já foi dito. Esse poder não se revela com violência imediata, mas com o peso gradativo da inevitabilidade. O solo começa a resistir aos passos, como se segurasse aqueles que ousam atravessar. Estruturas rangem, montanhas se curvam, muralhas se enraízam no chão e tornam-se parte dele. O inimigo não é derrotado por uma força que o destrói, mas por uma que o absorve. Tudo que se opõe à besta começa a ser devolvido à terra — lentamente esmagado, soterrado, desfeito na paciência tectônica que nunca para, nunca hesita.
Quando ativada em sua plenitude, a Raiz do Fim transforma o campo de batalha em uma extensão viva do próprio corpo da criatura. O terreno se movimenta com lógica própria, as pedras se fecham em torno de inimigos, o peso da atmosfera dobra, a gravidade se intensifica, e a conexão com a superfície se rompe. O mundo se dobra para acomodar o retorno daquilo que se afastou demais de sua origem. É como se a própria terra acordasse de um sono profundo para recuperar o que foi perdido. Criaturas são imobilizadas não por correntes, mas por camadas de solo que se erguem ao redor delas como um túmulo moldado sob medida. Magias cessam, não por interferência direta, mas porque a densidade do ambiente consome energia mágica como raízes famintas sugando nutrientes. Nada escapa — apenas desaparece sob o peso de eras comprimidas em um único instante. Esse poder não deixa marcas flamejantes ou gritos no vento. Ele deixa silêncio. Onde antes havia agitação, arrogância, resistência ou ruído, há agora apenas pedra. Pedra, musgo e quietude. A memória do que existiu é apagada como uma trilha varrida por um deslizamento. Nenhuma força pode resistir eternamente à terra, pois tudo nasceu dela e tudo para ela retorna. Esse é o juramento silencioso que a besta carrega — e a Raiz do Fim é sua sentença. Um retorno forçado ao início de todas as coisas. Sem espetáculo. Sem redenção. Apenas o fim.
informações adicionais
origem da terra
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A origem da Terra em Midrel remonta aos primeiros pulsos do mundo material, quando os planos ainda lutavam para se estabilizar após a separação do Vazio. Não houve explosão, nem luz repentina. Houve peso. Uma força silenciosa que surgiu do nada e simplesmente afundou, puxando o caos ao redor e comprimindo-o em camadas sucessivas até que se tornasse solidez. Enquanto os outros elementos dançavam em fúria — o fogo em explosões, a água em mares errantes, o ar em ventos enlouquecidos — a Terra foi o primeiro a silenciar. Foi o primeiro a ceder à gravidade, o primeiro a recusar o movimento sem propósito. Ela se moldou em silêncio, tomando para si o que era bruto, disperso, e transformando-o em fundação. Onde não havia forma, ela desenhou linhas. Onde não havia firmeza, ela endureceu o tempo. Foi o primeiro alicerce da realidade.
As lendas preservadas em runas esculpidas nas cavernas mais profundas afirmam que a Terra nasceu da junção entre o último suspiro de uma estrela moribunda e o primeiro sussurro de um mundo que desejava existir. Esse sussurro se condensou em poeira cósmica e, sob o peso de eras e eras, tornou-se o primeiro corpo firme do plano físico — um núcleo de silêncio e solidez ao redor do qual tudo o mais se moldou. Dessa essência silenciosa surgiu o espírito da Terra. Não um deus, não um titã, mas uma vontade viva: a memória do primeiro gesto de contenção. Ele cresceu com o mundo, não como um senhor sobre a matéria, mas como a própria matéria tomando consciência de si. Cada camada geológica, cada formação mineral, cada caverna esquecida carrega fragmentos desse início — traços de uma origem que nunca foi pronunciada, apenas sentida. A Terra não nasceu para combater, mas para sustentar. Ela é o ventre de onde emergem as vidas, o túmulo que as recebe, o palco onde se desenrola toda a história. E por ter nascido do silêncio, ela permanece paciente. Não busca glória, nem pressa. Pois sabe, com absoluta certeza, que tudo o que se eleva um dia retorna para ela, de maneira geral, em seus limites.