primeiro espírito
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Ifrit, o espírito elemental do fogo em Midrel, é uma entidade de poder primordial, nascida do primeiro choque entre os planos de energia e matéria durante a formação dos mundos. Ele não é uma criatura a ser invocada com palavras ou encantamentos comuns, mas sim uma força viva, consciente e flamejante, que representa a essência mais bruta, incontrolável e destrutiva do fogo. Sua forma manifesta é colossal: um titã envolto em brasas e magma, com a pele feita de placas negras rachadas por veios incandescentes que correm como lava viva. Seus chifres são espirais flamejantes moldadas pelas antigas forjas do plano ígneo, e sua boca libera vapor e fogo como se carregasse em si a respiração dos próprios vulcões. Seus olhos, ardentes e penetrantes, não brilham apenas com calor.
Ifrit não fala como os homens, mas sua vontade é clara. Ele é o fogo que destrói para recriar, o castigo dos impuros, a ira dos planos sobre os que desafiam a ordem natural. Ele não distingue bem e mal — apenas intensidade, convicção e sacrifício. Por isso, apenas os mais fortes ou desesperados tentam tocá-lo, e poucos sobrevivem à experiência. Seu pacto, quando ocorre, é sempre selado com algo precioso: sangue, alma, ou o próprio destino. Em sua morada, o Plano Ígneo de Al’Zarakh, ele é adorado como um soberano inclemente por elementais menores e criaturas feitas de fuligem, cinzas e chamas eternas. Mas em Midrel, ele é lembrado como uma lenda viva — o Fogo que Anda, o Colosso Abrasante, o Último Incêndio e muitos outros.
características da besta
conhecimento geral
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Sua estrutura corporal é massiva, composta de placas de rocha negra e viva, rachadas por linhas de magma pulsante que fluem como veias flamejantes. A cada movimento, estalos e explosões de vapor escapam de seu corpo, fazendo o ar ao redor estremecer com calor sufocante. Seus chifres espiralados ardem continuamente, alimentados por uma forja interior que jamais se apaga. As mãos possuem garras forjadas do núcleo do plano ígneo, capazes de derreter metal com um simples toque. Ifrit exala uma aura incinerante que distorce o ar e incendeia o chão sob seus pés, tornando impossível para seres vivos se aproximarem sem proteção arcana ou bênção elemental. Sua pele não é apenas resistente — ela consome ataques físicos, transformando impacto em energia térmica. Seu corpo não abriga órgãos no sentido tradicional, mas sim um núcleo de fogo puro que pulsa em chamas douradas no centro do peito, protegido por camadas de rocha viva e runas de selamento natural.
A cabeça de Ifrit possui feições bestiais e demoníacas, com uma mandíbula feita de escória incandescente e dentes como lâminas de obsidiana. Seus olhos não possuem pupilas — são dois focos de energia abrasadora que penetram qualquer ilusão e refletem o interior daqueles que o enfrentam, como se queimasse não só o corpo, mas também a alma. Em seus ombros, chifres espiralados se erguem como torres de fogo sólido, liberando constantemente colunas de fumaça e faíscas que alimentam o céu ao seu redor com um brilho rubro constante. Suas mãos são armas em si: dedos longos, com garras em formato de ganchos derretidos, capazes de atravessar muralhas e armaduras encantadas. Cada golpe de sua mão provoca uma explosão térmica local. Seus braços e costas expelem, em intervalos, labaredas que se entrelaçam em correntes de fogo vivo — serpentes de calor que atacam por vontade própria, como extensões do ódio que ele carrega. Nas costas de Ifrit, formam-se asas rudimentares compostas por fumaça densa e brasas eternas. Elas não são funcionais para voo, mas se expandem quando ele deseja espalhar destruição.
localidade da besta
santuario das cinzas
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Ifrit habita em um santuário antigo, uma região interditada do plano elemental do fogo que se conecta a Midrel apenas através de fendas instáveis ou rituais de alto nível conduzidos por conjuradores experientes. Esse santuário é uma cratera colossal no coração do Plano Ígneo, onde o chão é feito de escória derretida e as montanhas ao redor são colunas de basalto em constante combustão. Ao centro da cratera, ergue-se um trono natural de obsidiana fundida — é lá que Ifrit repousa, envolto por chamas douradas e ventos escaldantes que queimam até mesmo o éter. Na superfície de Midrel, sua presença pode ser sentida em regiões conectadas a esse plano, como o antigo vulcão, uma cordilheira ativa onde rios de lava correm entre os vales e o céu permanece tingido de vermelho devido às contínuas exalações de enxofre. Diz-se que, nos dias em que o véu entre os planos se enfraquece, o eco do rugido de Ifrit pode ser ouvido nas profundezas da fenda, e os mais ousados ou insensatos descem até lá em busca de fragmentos.
O ar em sua presença é irrespirável, tomado por vapores tóxicos e fuligem incandescente. O céu acima se tinge de vermelho e dourado, como se estivesse em constante crepúsculo, e nuvens escuras, carregadas de cinzas e relâmpagos rubros, giram lentamente como sentinelas do seu domínio. O solo range, derrete e se contorce, formando esculturas naturais de rocha fundida que lembram rostos em agonia ou formas que se dissolvem em meio ao calor. Seu território é defendido por correntes de magma que se movem como rios vivos, cuspindo vapores de enxofre e estalando com o som de ossos quebrando. Criaturas forjadas do próprio fogo — espectros de carvão, serpentes de brasas e entidades flamejantes — rondam suas fronteiras, como fragmentos menores de sua própria existência. Nada ali vive no sentido tradicional; tudo que persiste naquele ambiente o faz por se adaptar à combustão constante ou por existir como extensão do próprio espírito elemental. Aqueles que se aproximam sem proteção mágica ou resistência ao fogo são consumidos antes mesmo de verem sua silhueta. Os poucos que sobrevivem ao caminho até seu trono o encontram em meio a um campo de cinzas onde a vida nunca mais floresceu, rodeado por pilares flamejantes que dançam com o vento escaldante, como guardiões silenciosos.
poder da besta
fulgor da ruina
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O ápice do poder de Ifrit — é a manifestação do próprio conceito de aniquilação pelo fogo, elevado a um nível onde não restam cinzas, apenas o esquecimento. Essa força não atua como uma simples explosão ou labareda: ela desencadeia um colapso térmico absoluto que transcende as leis naturais, apagando o que toca de maneira tão profunda que nem mesmo as tramas mágicas conseguem rastrear o que foi destruído. Quando o fulgor desperta, o ambiente responde com horror silencioso. O ar começa a vibrar com uma frequência antinatural, o céu se cobre de um brilho vermelho escuro sem fonte visível, e o calor deixa de ser uma sensação física — ele se torna um peso existencial, como se o próprio tempo se recusasse a avançar. Rochas evaporam, rios fervem e se desfazem em névoa incandescente, e encantamentos antigos simplesmente se desintegram, como pergaminhos lançados ao coração.
A origem desse poder remonta às eras não documentadas de Midrel, quando o fogo ainda era uma força bruta e sem nome. Segundo antigos grimórios esquecidos nas criptas de magos incinerados, o Fulgor teria sido gerado no instante em que o plano ígneo colidiu pela primeira vez com os limites do mundo material — um atrito cósmico que deu origem ao primeiro grito de dor do fogo, uma energia viva que queimava com consciência, fúria e finalidade. Ifrit carrega essa força em seu núcleo, como um sol doentio preso por camadas de rocha e vontade. O Fulgor não é liberado por desejo, mas por necessidade — um instinto de purificação total, usado apenas quando o equilíbrio entre os planos é ameaçado, ou quando Ifrit reconhece uma afronta digna de seu julgamento absoluto. É o equivalente a rasgar o tecido do mundo para impedir que a corrupção se enraíze. Aqueles que sobreviveram a um vislumbre desse poder — e são pouquíssimos — relatam um estado de cegueira temporária, ausência de som, e um frio paradoxal que vem após o calor absoluto, como se suas almas estivessem à beira do esquecimento. Alguns enlouquecem, outros perdem completamente a memória do evento, como se tivessem sido parcial e misericordiosamente apagados junto do alvo.
informações adicionais
origem do fogo
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Sua origem não está presa às terras ou ao tempo conhecido, mas sim ao instante em que o plano ígneo colidiu com uma brecha do Vazio Primordial. Essa colisão deu origem a uma fagulha tão densa em ruína que o próprio plano recuou, temendo seu nascimento. Ifrit, ao absorver essa fagulha, se tornou não apenas um espírito elemental do fogo, mas o portador do julgamento final das chamas. Essa força não pode ser contida por nenhuma barreira mágica conhecida. Runas de contenção se apagam ao seu toque, selos se desintegram, encantamentos são apagados como tinta em papel ao fogo. Artefatos projetados para aprisionar grandes entidades sequer resistem ao calor espiritual que precede o Fulgor. Quando ele é liberado, a realidade parece perder coesão: o chão brilha como vidro negro, o céu se tinge de vermelho pálido e não há som, apenas uma pulsação abafada que antecede o colapso de tudo.
Os locais onde o Fulgor foi utilizado tornam-se terrenos malditos, chamados de Cicatrizes Ardentes. Nesses espaços, a vegetação jamais retorna, a magia se curva de forma imprevisível e os próprios fios do tempo parecem hesitar, como se aquela região tivesse sido parcialmente esquecida pelo mundo. As criaturas evitam instintivamente essas áreas, e mesmo os mortos não ousam retornar ali. A marca deixada é tão profunda que não se limita à matéria — ela toca os fundamentos invisíveis da existência. Seu uso causa reações imediatas nos planos. O próprio plano ígneo treme com sua liberação, como se sentisse a perda de um fragmento de sua centelha original. As criaturas de fogo entram em frenesi, os pactos elementais vacilam e os véus entre os mundos ficam frágeis. Existem registros de que, sempre que o Fulgor é despertado, ecos de sua energia podem ser sentidos até nos salões mais profundos do plano das sombras, onde criaturas esquecidas estremecem, temendo que o ciclo esteja se aproximando do fim. Mesmo em sua brutalidade, o Fulgor não é uma anomalia sem propósito. Dentro do equilíbrio místico de Midrel, ele representa a força suprema de purgação. Quando nenhuma magia, arma, criatura ou pacto pode conter uma ameaça que desequilibra a balança entre os planos, o Fulgor é o fim autorizado. É a única sentença que não admite apelação, e o único elemento que devora até aquilo que se acreditava eterno, de maneira geral.