​​besta divina
kaelus
Kaelus é uma besta divina cuja existência desafia não apenas a lógica, mas também a linearidade do entendimento. Conhecida como a força estelar, ela é a manifestação viva das perguntas que o universo ainda não conseguiu responder. Diferente de criaturas que atacam, protegem ou destroem, Kaelus questiona — e o peso de seu questionamento pode quebrar mentes, congelar vontades ou iluminar verdades tão antigas que nenhum ser ousou lembrar. Ela habita desertos de sal onde o céu se curva e estrelas esquecidas ainda brilham, ou ruínas cravadas no topo de montanhas onde o tempo hesita entre o ontem e o amanhã. Às vezes, surge em sonhos que duram eras ou em miragens que permanecem mesmo quando os olhos se fecham, atingindo assim seus objetivos.
Kaelus não ruge, não avança, não ameaça. Ela observa. E quando alguém ousa se aproximar, ela faz uma pergunta. A pergunta nunca é simples, e nem sempre tem resposta. Mas o preço de tentar responder errado é alto: realidades se rompem, o tempo retrocede ou o próprio corpo do desafiador se desdobra em camadas que ele não sabia conter. Para os dignos — ou os verdadeiramente ignorantes —, Kaelus se curva, sussurrando segredos em voz de estrelas mortas. Para os arrogantes, ela cala o mundo ao redor até que eles entendam que há silêncio demais para quem não ouve. Dizem que Kaelus não protege nada físico, mas sim a continuidade da dúvida cósmica — o direito do universo de não se explicar por inteiro, amplificando sua capacidade.

​características da besta
conhecimento geral
Kaelus possui um corpo monumental e majestoso, semelhante ao de uma leoa cósmica, fundida com elementos de ave de rapina e criaturas celestes esquecidas. Sua pele parece ser feita de obsidiana líquida atravessada por constelações pulsantes: pequenos pontos de luz que brilham, se apagam e se movem por sua pelagem como se estivessem vivos. As patas, largas e silenciosas, não deixam pegadas no chão, mas fazem o próprio solo vibrar levemente, como se cada passo fosse um eco de algo que já aconteceu em outro lugar — ou em outro tempo. Ela tem asas imensas, dobradas sobre as costas, não compostas por penas, mas por tecidos de luz em véus, cintilantes como auroras petrificadas. Essas asas raramente se abrem, e quando o fazem, o céu parece congelar por um instante.
O rosto de Kaelus é o que mais desafia a compreensão: uma fusão entre sabedoria, animalidade e silêncio absoluto. Os olhos são poços de luz escura — neles não se vê reflexo, mas perguntas. Eles não brilham: absorvem. Quem os encara por muito tempo começa a ouvir palavras que nunca aprendeu, recordar coisas que não viveu, ou questionar certezas que pareciam imutáveis. Seus dentes, finos e perolados, raramente são mostrados, pois Kaelus não morde com carne — ela fere com dúvida.​ Sua voz, quando fala, não vem pela boca, mas pela mente, e surge como um pensamento que parece ter sido seu desde sempre. Quando Kaelus questiona, o mundo ao redor silencia: o vento para, as estrelas observam, e até os sons do próprio corpo desaparecem. Ela se deita, fixa o olhar, e espera o momento certo.

status
Não-Domável

habitat
indefinido;

altura
indefinido;

comprimento
indefinido;

peso
indefinido;

dificuldade
★★★★★

​poder da besta
luz morta
O poder de Kaelus está enraizado no conceito da dúvida primordial — a força que desestrutura convicções, verdades fixas e realidades presumidas. Ela não domina um elemento físico, mas sim a lógica que sustenta o mundo, e quando intervém, rompe certezas como se desfizesse as equações invisíveis que mantêm as coisas no lugar. Seu poder não é uma chama, um gelo ou uma garra: é uma pergunta feita no coração da existência, que quando não é respondida, corrompe as fundações do plano em que foi feita.​ Seu poder mais notório é o Luz Morta. Kaelus fixa seu olhar em um ser ou estrutura, e emite uma pergunta diretamente à essência daquele alvo. Não é uma pergunta falada — é vivida. O alvo sente a dúvida tomar forma dentro de si, obrigando-o a enfrentar a parte de si que jamais foi, de maneira geral.
Kaelus também influencia o plano mental e espiritual ao seu redor. Dentro de sua aura, pensamentos tornam-se espelhos: cada ideia que o inimigo lança retorna como reflexo distorcido, gerando confusão, contradição e autocontestação. Guerreiros esquecem seu propósito, magos duvidam de seus próprios feitiços, e criaturas divinas sentem a fé que os sustenta vacilar por um instante — o bastante para serem vencidas por sua própria hesitação. Em momentos críticos, Kaelus cala tudo ao seu redor. Esse silêncio absoluto se torna mais ameaçador que qualquer rugido, pois carrega o peso de uma verdade não dita. Nesse instante, o mundo ao redor sente como se tivesse sido visto por completo, e tudo o que está oculto ou reprimido deseja ser revelado à força, amplificando ainda mais sua força.

​pontos fortes e fracos
CONFRONTANDO A BESTA
No vasto e selvagem mundo das criaturas, todas as bestas — das mais humildes às mais colossais — carregam em si tanto poder quanto limitação. Nenhuma é invencível, pois cada uma foi moldada pelas forças naturais, mágicas ou divinas que lhes deram origem, e essas mesmas forças impõem um equilíbrio inevitável. Se uma besta domina o fogo, ela pode ser vulnerável ao silêncio ou à ausência de oxigênio. Se carrega uma couraça impenetrável, talvez sua mobilidade seja lenta, ou seus olhos incapazes de enxergar em ambientes de pura luz. Se voa entre as tempestades, talvez não suporte a gravidade das profundezas.

pontoS forteS

Kaelus é praticamente imune a qualquer forma de magia que dependa de estrutura lógica, convicção inabalável ou continuidade narrativa. Feitiços que exigem palavras de comando, runas fixas, crença absoluta ou construção sequencial simplesmente colapsam na sua presença, pois sua influência semeia dúvida no coração do encantamento. Além disso, criaturas baseadas em dogma, fé cega ou ordens rígidas — como paladinos extremos, sacerdotes devocionais ou autômatos encantados — perdem força ou vacilam diante dela, pois ela quebra a base que sustenta seus atos. Ela também é resistente a ataques mentais, psíquicos ou espirituais, pois sua consciência opera em níveis paralelos de percepção, onde as ideias lançadas contra ela são absorvidas, reinterpretadas e transformadas em perguntas que retornam ao usuário.

PONTOS FRACOS

Apesar de seu poder devastador sobre certezas, Kaelus não lida bem com o caos absoluto. Locais onde o absurdo reina — como planos de instabilidade pura, regiões onde a realidade se desfaz constantemente, ou lugares onde lógica e linguagem não existem — fazem com que sua presença oscile ou se dissipe, pois ela depende da existência de estrutura para poder questioná-la. Ela também enfraquece diante da simplicidade autêntica. Seres que agem puramente por instinto, por amor sincero ou por impulso genuíno, sem a presença de dúvida ou intenção complexa, são quase imunes às suas perguntas. Kaelus não consegue quebrar aquilo que nunca tentou se proteger com mentira ou racionalização. Sua dúvida é uma lâmina, mas ela só corta onde há algo oculto. Em confrontos com criaturas translúcidas de propósito, no geral.

​​recompensas da besta
premio de consolação
No coração do desconhecido, além do medo e do fascínio que as bestas despertam, existe um outro motivo pelo qual tantos ousam enfrentá-las: as recompensas. Cada besta carrega em si algo único, precioso e, muitas vezes, inatingível por qualquer outro meio natural. Seja um fragmento de sua essência, um mineral que só cresce sobre seu dorso, ou uma glândula que destila poder ancestral, as bestas são fontes vivas de relíquias, materiais raros e segredos perdidos. ​Essas recompensas não são simples espólios de batalha — são partes do mundo que não podem ser encontradas em minas, lojas ou bibliotecas.

fragmento do olho

Um pequeno cristal escuro com veios dourados que pulsa levemente quando alguém mente próximo a ele. Ao ser usado como amuleto, concede ao portador a capacidade de perceber a verdade por trás das palavras, permitindo detectar mentiras, intenções ocultas ou lacunas no discurso. Em rituais, pode ser colocado no centro de um círculo para revelar a natureza verdadeira de um objeto, entidade ou decisão passada, fazendo com que até magias de ocultação profunda vacilem. Porém, usá-lo repetidamente pode fazer o usuário enxergar mais do que deveria, trazendo fragmentos de verdades que ninguém pediu.

cinzas da resposta

Guardada em um frasco de vidro escuro, essa fina poeira foi formada quando a pergunta final de Kaelus tocou uma realidade que se recusou a responder. Quando soprada sobre uma criatura, arma ou local, a cinza silencia qualquer feitiço ou poder baseado em certeza, como magias que exigem convicção, habilidades que funcionam por confiança ou pactos que dependem de fidelidade. Também pode ser usada como parte de um feitiço para interromper conjurações complexas antes que sejam concluídas, congelando a ação no exato momento da dúvida. A cinza, no entanto, nunca atua da mesma forma duas vezes, pois carrega a natureza instável do que foi interrompido.

esfera do enigma

​Um pequeno orbe liso, negro como o céu sem estrelas, que emite um brilho interno apenas quando tocado. Ao ser ativado, ele cria uma zona temporária de dúvida absoluta ao redor do usuário — um espaço onde planos desmoronam, ordens se confundem e nenhum ser consegue agir com total convicção. Ideal para interromper rituais, consagrações ou batalhas ideológicas, pois até líderes inspiradores perdem o foco e palavras de comando se desfazem. Após o uso, o portador escuta por dias uma voz sussurrando perguntas sem resposta, de maneira geral.