A família Kaminari é uma cicatriz viva na história de Azure. Conhecidos por seu domínio absoluto sobre as tempestades e sua linhagem marcada por poder bruto e traços demoníacos, eles são uma força tão bela quanto devastadora. Sua origem, moldada entre trovões e relâmpagos, remonta aos tempos em que os primeiros moradores de Azure invocavam entidades para proteger suas aldeias das fúrias do céu. Dentre todas as entidades que responderam, apenas os Kaminari permaneceram. A marca registrada da linhagem está nas madeixas de tonalidade arroxeada, nos chifres que brotam de suas têmporas com a chegada da maturidade e, principalmente, na afinidade natural com os raios. Desde então, o clã segue sua tradição de sangue com ainda mais fúria e mais desconfiança.
Brasão dos Kaminari
O brasão da família Kaminari é uma síntese visual de sua fúria ancestral e de sua beleza letal. O escudo possui uma moldura de ouro polido, com traços que lembram correntes elétricas entrelaçadas, como se o próprio metal estivesse prestes a conduzir uma descarga de trovão. Sua superfície reflete a arrogância e a ostentação que a família carrega.
bonificações da familia marca de linhagem
As bonificações da família Kaminari são uma herança gravada no próprio sangue, um presente e uma maldição que cada descendente carrega desde o nascimento. Conhecida como Inazuma no Kodan, a herança familiar não faz distinção de caráter, de mérito ou de escolha: ela se manifesta com violência, seja no berço ou no campo de batalha. A marca da linhagem se expressa de maneira distinta entre homens e mulheres, como se a própria tempestade que rege os Kaminari fosse partida em duas forças complementares: destruição e sedução. Os homens nascidos da família são verdadeiros condutores de caos desde a infância. Ainda crianças, já conseguem atrair cargas elétricas com os próprios corpos, gerando faíscas ao simples toque e deixando o ar ao seu redor carregado de eletricidade.
Com o passar dos anos, seu controle evolui para um domínio absoluto dos raios. São capazes de disparar descargas elétricas concentradas com força suficiente para dilacerar pedras, abrir crateras na terra ou reduzir inimigos a cinzas fumegantes. Seu poder não depende de rituais ou preparações demoradas — ele brota como uma reação instintiva, movida por raiva, adrenalina ou simples desejo de matar. Já as mulheres Kaminari são a encarnação da tempestade disfarçada de calmaria. Embora também dominem os raios, sua bonificação se manifesta de forma mais sutil… e mortal. Elas possuem a habilidade de gerar uma explosão de energia elétrica carregada de feromônios, criando uma atmosfera irresistível ao redor de si. Inimigos que se aproximam sentem-se estranhamente atraídos, vulneráveis, como se a simples presença das Kaminari os desarmasse emocionalmente. Essa atração não é mera ilusão — é um fenômeno físico, quase biológico, que interfere diretamente nos sentidos e nos instintos primários das vítimas. Quando o alvo está mais suscetível, é nesse momento de fraqueza que elas atacam, rápidas, implacáveis, fulminando com precisão cirúrgica em seus golpes.
TERRITORIO DA FAMILIA regiao de hyougaku
O território da família Kaminari é uma extensão física de sua própria essência: inóspito, imprevisível e belamente mortal. Conhecido como a região de Hyougaku, o domínio dos Kaminari se espalha pelas montanhas geladas ao leste de Azure, um lugar onde o céu e a terra parecem travar um duelo eterno. As encostas são íngremes, cobertas por florestas densas de pinheiros tortuosos e bambus ancestrais que rangem ao menor sopro do vento. Mas ali, o vento nunca é apenas um sopro — ele chega cortante, carregado de eletricidade, com um zumbido que antecede cada tempestade. Relâmpagos rasgam os céus de forma quase ritualística, como se o próprio ambiente reverenciasse os senhores da tempestade. Os moradores das regiões vizinhas dizem que os deuses evitam olhar para Hyougaku, temendo o que se esconde por trás de suas nuvens negras.
O Castelo Hyougaku ergue-se no topo mais alto da cordilheira, onde a neblina é tão espessa que cobre o chão como um manto, apagando a linha do horizonte. Suas muralhas de madeira escura e pedra antiga estão cobertas por trepadeiras de flores púrpura — uma espécie de planta que só cresce naquela altitude, alimentada pelas chuvas carregadas de energia que caem com frequência. Lanternas de papel, alimentadas por pequenas cargas elétricas constantes, flutuam solitárias pelas passagens estreitas, como se fossem espíritos guiando ou afastando os visitantes. As trilhas que levam ao castelo são perigosas por si só. Caminhos estreitos beiram precipícios ocultos pela neblina, e a maioria dos forasteiros que tentam escalar Hyougaku desaparece antes de alcançar o primeiro portão. Além da geografia traiçoeira, a própria fauna do território parece ter sido moldada pela energia elétrica que permeia a região: pássaros de plumagem azul-violeta que voam em bandos agressivos, serpentes de escamas prateadas que se movem como relâmpagos sobre o solo, e lobos de olhos luminosos que caçam durante as tempestades perigosas.
poder bélico tempestade cortante
O poder bélico da família Kaminari é uma tempestade encarnada, uma força que não segue códigos de honra ou diplomacia. Eles não marcham por bandeiras ou tratados. Eles avançam por desejo, por instinto… por prazer em destruir. Cada soldado Kaminari carrega em si a mesma fúria elétrica que molda o céu acima de Hyougaku. Seus exércitos são formados por combatentes que treinam desde a infância, expostos a choques de alta voltagem, batalhas simuladas em meio a tempestades reais e rituais de resistência física e mental que quebrariam qualquer guerreiro comum.
O campo de batalha de um Kaminari nunca permanece limpo. A eletricidade que emana de seus corpos incinera carne, derrete metal e deixa cicatrizes permanentes na terra. O solo por onde passam fica marcado por veios queimados, como rachaduras negras que se espalham por quilômetros. Os guerreiros Kaminari têm por tradição gritar o nome de seus inimigos antes de executá-los, não por respeito, mas por uma espécie de ritual sanguinário, um ato de domínio psicológico. São conhecidos por lutar com sorrisos sádicos no rosto, sentindo prazer com cada queda inimiga, cada cheiro de carne queimada, cada gota de sangue misturada à lama e à eletricidade. Apesar de sua força avassaladora, os Kaminari não investem em estruturas defensivas elaboradas fora de Hyougaku. Eles acreditam que a melhor defesa é uma ofensiva permanente. Não é raro que façam incursões-relâmpago em territórios vizinhos apenas para testar a força de um novo comandante inimigo, para enviar uma mensagem… ou simplesmente por tédio. Ao longo da história, o clã travou guerras longas e sangrentas contra inimigos que ousaram desafiar sua soberania sobre as montanhas. Nenhum deles saiu vitorioso. Os rios da região já correram tingidos de vermelho, e as encostas de Hyougaku foram palco de execuções em massa, onde centenas de corpos foram deixados como oferenda à própria tempestade.
segredos de FAMÍLIA pacto eterno
O segredo mais sombrio e inconfessável da família Kaminari é conhecido apenas por um punhado de anciãos, guardado como um veneno dentro de uma taça de ouro: o Ketsuen no Seiyaku, o Pacto de Sangue Eterno. A linhagem Kaminari é obcecada por pureza. Não a pureza de caráter ou de alma, mas a pureza de sangue — uma obsessão que começou nas gerações mais antigas, quando os primeiros líderes perceberam que os filhos nascidos de uniões externas perdiam parte da conexão com a tempestade. As gerações seguintes se tornaram cada vez mais rigorosas, e com o passar dos séculos, o clã estabeleceu um costume que não ousa ser nomeado em público, e que nunca será nomeado.
Mas para os Kaminari, essa prática é vista como uma oferenda direta aos espíritos da tempestade. Cada novo herdeiro é considerado um Filho da Fúria, uma criatura moldada não apenas por genética, mas pela própria repetição ritualística do sangue. Eles acreditam que a eletricidade que corre em suas veias fica mais densa, mais viva, quanto mais fechado o ciclo familiar se mantém. As poucas vezes em que a família permitiu uniões com sangue externo foram momentos de emergência, quase sempre seguidos de humilhações públicas ou execuções silenciosas. Esses filhos mestiços, chamados pejorativamente de Yamigane (os Filhos da Impureza), ou eram forçados ao exílio ou eram silenciados antes mesmo da idade adulta, para garantir que a linhagem não fosse contaminada de forma irreversível. Dentro dos salões de Hyougaku, nas câmaras mais ocultas, os livros genealógicos da família são protegidos como relíquias sagradas. Ali, estão gravadas todas as uniões — cada casamento, cada nascimento… e cada combinação proibida aos olhos do mundo exterior. Esse registro é selado com runas de contenção, e seu acesso é restrito aos três membros mais antigos da linhagem viva.
profecia do oraculo ruina dos trovões
A profecia do oráculo que paira sobre o Clã Kaminari é um eco antigo, tão antigo quanto os primeiros trovões que cortaram os céus de Azure. Conhecida apenas pelos mais velhos como Raikoku no Yoru, a Noite da Ruína Elétrica, ela é recitada apenas durante os rituais mais obscuros, sob o som abafado de tambores de guerra e durante noites em que os relâmpagos parecem não dar trégua ao horizonte. A origem da profecia remonta ao tempo de Reiji Kaminari, o patriarca que mergulhou a família na era mais sombria de sua história. Antes mesmo de seu reinado de terror, um oráculo cego, capturado de terras distantes, foi mantido em cativeiro nas câmaras inferiores do Castelo Hyougaku. Durante semanas de tortura, o oráculo se recusou a falar… até que, na noite em que os céus de Azure foram rasgados por três tempestades simultâneas, ele enfim abriu a boca para pronunciar as palavras que mudariam para sempre o destino da família.
Por muitos anos, a profecia foi vista como uma metáfora. Algo destinado a um futuro longínquo ou simplesmente um delírio do oráculo antes de sua morte inevitável. Mas então veio o reinado de Reiji. A cada mês, seu sadismo aumentava. Jovens mulheres eram capturadas, torturadas e executadas dentro do castelo. Servos desapareciam. Gritos ecoavam pelas montanhas. Os próprios filhos de Kaminari começavam a temer o nome do patriarca. E então, numa noite de tempestade tão densa que parecia rasgar os pilares de Hyougaku, a profecia se cumpriu. A própria esposa de Reiji, uma mulher que até então se mantinha em silêncio, ergueu a mão contra ele. Com um golpe que misturou traição, justiça e desespero, ela o assassinou de forma brutal no altar cerimonial do castelo — o mesmo local onde o oráculo havia sido mantido prisioneiro décadas antes. O sangue de Reiji manchou as pedras frias, e naquele instante, os relâmpagos cessaram. O céu de Azure ficou estranhamente limpo. O silêncio que tomou conta da montanha naquela noite foi tão profundo que, por um momento, todos os habitantes de Hyougaku pensaram que os deuses haviam partido. Desde então, a Raikoku no Yoru é lembrada… mas jamais falada em voz alta. A profecia é um espectro que continua a assombrar a linhagem. Muitos acreditam que ela não terminou com a morte de Reiji. Que o ciclo ainda não foi completamente.
