deus do entalhe
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conhecendo a divindade
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São os mais antigos e temidos símbolos esculpidos no gelo, manifestações arcanas da vontade absoluta do Senhor das Runas Gélidas e uma das maiores heranças espirituais deixadas por ele aos povos de Cahaen. Não são simples inscrições ou ornamentos, mas marcas vivas, pulsantes de um poder primordial, gravadas pela própria essência de Koldrun quando o mundo ainda era apenas uma extensão fria e desolada. Diz-se que as Runas Divinas não foram inventadas, mas reveladas, arrancadas do coração do gelo pelo toque meticuloso e infalível do deus, como se sempre estivessem ali, adormecidas, aguardando apenas o artífice supremo que soubesse desenterrá-las e despertá-las. Cada uma dessas runas contém um fragmento do poder cósmico que molda e sustenta o frio absoluto, uma expressão condensada das leis que regem o gelo, o cristal e a estagnação.
Forjadas em traços geométricos rigorosos e ângulos impossivelmente perfeitos, as Runas Divinas de Koldrun são capazes de prender forças titânicas, moldar matéria e selar almas. Sua precisão é tão extrema que qualquer tentativa de reproduzi-las sem o devido conhecimento resulta em falhas desastrosas: o gelo se quebra, o cristal implode ou o poder invocado consome aquele que ousou manipulá-lo de forma imprópria. Por isso, são poucos os mortais que se atrevem a trabalhar com essas runas; menos ainda os que sobrevivem à experiência. As lendas falam de um número finito e sagrado de Runas Divinas, cada uma ligada a um aspecto fundamental do gelo e do poder de Koldrun. Entre elas está a Runa da Estagnação, capaz de paralisar o tempo em um espaço fechado, congelando não apenas o corpo, mas também a memória e a vontade de quem for selado sob sua marca. Outra, a Runa da Fratura, é dita poder partir uma muralha ou um espírito ao meio com um simples sussurro, sem que se perceba a ruptura até que seja tarde demais. Esse santuário não é feito de pedra ou terra, mas de puro gelo lapidado, com as Runas Divinas gravadas nas paredes, teto e chão, formando um labirinto de poder que nenhum mortal jamais conseguiu atravessar sem sucumbir ao frio espiritual.
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limites da criação
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O Poder da Palavra é o princípio mais temido e reverenciado dentro das doutrinas que cercam Koldrun, o Senhor das Runas Gélidas. Em Cahaen, não se diz que Koldrun escreve ou esculpe as runas, mas que ele as pronuncia, e ao fazê-lo, as transforma em realidades irrefutáveis, eternas e inquebrantáveis. A palavra, em sua essência divina, não é um mero som ou um artifício de comunicação, mas uma força criadora e destruidora, capaz de cristalizar o próprio destino e moldar o tecido do mundo com a frieza precisa de quem não conhece arrependimento. Para Koldrun, cada runa é uma palavra congelada, uma sílaba da língua primordial que ele sussurrou ao gelo nas origens do mundo, imprimindo na matéria um comando absoluto e definitivo. Quando ele fala, o gelo obedece, o ar se densifica e o tempo parece dobrar-se ao traçado invisível de sua voz, o que torna tudo mais fácil.
Entre os xamãs e artesãos que seguem sua senda, este princípio é conhecido como o Verbo Frio, uma doutrina que afirma que todas as coisas podem ser fixadas ou anuladas pelo poder certo, pela palavra correta, pela runa exata. Assim, o Poder da Palavra não é apenas uma habilidade divina, mas o reflexo de uma ordem superior, de uma visão do mundo onde o caos não reina, onde cada elemento encontra seu lugar e sua função através da articulação perfeita dos símbolos e sons que Koldrun primeiro emitiu e depois ensinou, de forma velada e incompleta, aos homens. Os sacerdotes mais antigos dizem que o próprio Gelo Absoluto, essa substância intransigente que desafia a mudança, foi falado por Koldrun no início dos tempos, pronunciado em uma única palavra silenciosa e impossível de ser reproduzida por qualquer mortal. Desde então, tudo que é frio, estático e imutável carrega em si esse poder, vibrando, ainda que imperceptivelmente, com o eco da voz que o chamou à existência. Há lendas que falam de guerreiros e reis que tentaram aprender o Poder da Palavra, buscando repetir os sons das Runas Divinas para forjar armas indestrutíveis ou erguer muralhas eternas. Todos falharam ou pagaram com a vida e a alma, pois o poder de pronunciar a palavra verdadeira exige não apenas conhecimento, mas uma frieza de espírito e uma perfeição de forma que só Koldrun possui plenamente. Falar sem estar pronto é provocar o colapso da própria essência, de maneira geral.
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Passos finais
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O Foco Divino é o centro absoluto da essência de Koldrun, o Senhor das Runas Gélidas, aquilo que o define não como uma divindade comum, mas como uma força pura e imutável dentro da cosmologia gélida de Cahaen. Para Koldrun, o Foco Divino não é uma arma, um trono ou um artefato externo: é a sua própria capacidade inata de fixar a realidade, de moldar e selar os aspectos do mundo através da precisão, da ordem e da simetria absoluta. Enquanto outros deuses expressam seu poder através de manifestações colossais — tempestades, terremotos ou cataclismos — o Foco Divino de Koldrun atua no silêncio, na exatidão e no traço que não admite falha.
le concentra toda a sua essência na criação das Runas Gélidas, cada uma um reflexo direto e inquestionável desse foco perfeito. É a partir dele que Koldrun extrai o poder necessário para imobilizar o tempo, cristalizar a energia e aprisionar forças que, para qualquer outra entidade, seriam incontroláveis ou caóticas. A doutrina dos criptomagos que seguem Koldrun ensina que o Foco Divino é o olho invisível do deus, o ponto através do qual ele observa todas as formas e decide quais devem ser eternizadas e quais devem ser anuladas. É dito que o gelo não se forma, mas é fixado pelo Foco Divino, que orienta as moléculas a se cristalizarem na geometria perfeita, da mesma maneira que orienta o destino e sela o espírito daqueles que ousam tocar as Runas Divinas. Essa força é tão concentrada e inflexível que Koldrun não precisa mover-se, agir ou sequer desejar: onde quer que o Foco Divino se volte, ali a realidade se endurece, paralisa, congela, tornando-se parte da ordem eterna que ele representa. Esse foco é, ao mesmo tempo, criação e prisão, forma e limite; é a força que Koldrun volta para dentro, tornando-se ele mesmo um monumento de gelo absoluto, e que projeta para fora, transformando o mundo ao seu redor em espelhos de sua frieza, amplificando sua força.