besta eterea
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Liraeth não caminha entre mundos — ela vibra entre eles. Seu corpo não é feito de ossos nem de sombra, mas de harmonias suspensas, de véus de som congelado, de ondas que não encontram fim. Flutua em silêncio absoluto, mas ao se aproximar, o ambiente muda. O ar vibra como se contivesse uma nota suspensa, uma melodia que quase se lembra de sua conclusão, mas falha sempre na última curva. Liraeth manifesta-se como uma figura flutuante envolta em véus etéreos, que ondulam em espirais perfeitas, feitas de algo entre luz e reverberação. Seu centro é uma figura alta e longilínea, sem pernas, com braços suaves e alongados. Onde deveria haver um rosto, vê-se apenas uma boca selada por fios de luz dourada, cruzados como cordas de um instrumento quebrado, tornando as coisas mais difíceis.
Aqueles que cruzam seu caminho não ouvem nada no início. Mas a mente logo começa a vibrar com uma melodia incompleta, um tema que se repete sem se encerrar, criando ansiedade, nostalgia, uma saudade sem origem. A melodia se infiltra nos pensamentos, desorganiza a memória, cria ilusões sensoriais suaves, e em casos mais graves, faz com que a vítima se esqueça do motivo pelo qual está ali. Liraeth não ataca com força. Ela dissolve. Fragmenta. Amolece a vontade. É por isso que seus alvos costumam se render ao cansaço emocional, sentando-se no chão em meio ao confronto, imersos em lembranças nebulosas ou lágrimas involuntárias. Ela não deseja a morte. Deseja ser compreendida, ouvida por quem está diante dela.
características da besta
conhecimento geral
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Liraeth é conhecida por poucos e lembrada por menos ainda. Suas aparições são esparsas, quase sempre ligadas a locais marcados por forte carga emocional e artística abandonada: teatros soterrados, templos onde os cânticos cessaram abruptamente, ou mansões onde a música nunca mais foi tocada após um luto profundo. Ela não tem culto, pois não pede adoração, nem religião que a inclua, pois sua existência é uma fratura entre os planos. Mas mesmo assim, certas ordens místicas a registram com receio em grimórios oníricos, classificando-a como um fragmento vivo da dissonância universal. Seu nome é sussurrado com reverência entre bardos antigos e oniromantes, que afirmam que Liraeth não é apenas uma criatura, mas o eco persistente daquilo que nunca pôde ser expresso.
Ela é o último acorde de uma sinfonia inacabada, o suspiro de uma alma que foi calada antes de concluir sua obra. Para alguns, Liraeth é um teste: uma provação contra o esquecimento. Para outros, um aviso. Pois onde ela aparece, algo foi interrompido — e permanece implorando por término. O que a torna perigosa não é agressividade ou fúria, mas o tipo de influência que impõe sobre os vivos. Sua presença altera a percepção do tempo, arrasta a mente para dentro de memórias irreais, e confunde sentimentos até que o alvo perca o senso de identidade. Em certos casos, pessoas que cruzaram o caminho de Liraeth jamais voltaram a falar. Em outros, retornaram com uma obsessão profunda por uma música que não existe, tentando recriá-la noite após noite, sempre sem sucesso, o que a torna poderosa.
status |
Domável
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habitat |
Templos, Florestas
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altura |
3.0 metros;
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comprimento |
5.0 metros;
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peso |
indefinido;
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dificuldade |
★★★★★
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poder da besta
cançao incompleta
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A Canção Incompleta não é apenas um feitiço ou habilidade. É o próprio núcleo da existência de Liraeth, sua voz calada que ainda assim domina o espaço ao seu redor. Quando ela se aproxima, a realidade começa a afrouxar, como se estivesse esperando que alguém completasse algo muito antigo. O som não vem pelos ouvidos, mas pela alma. Surge como uma lembrança que nunca foi vivida, uma melodia familiar que o coração reconhece antes da razão. Não há instrumentos, nem voz. É pura ressonância emocional que vibra através do espaço e infiltra-se nos pensamentos mais íntimos. Aqueles afetados por sua presença entram em um estado de escuta involuntária. A canção se repete, se expande, retorna, mas nunca termina. A ausência da nota final se torna uma tensão insuportável, como uma respiração.
Isso causa um colapso gradual do pensamento linear. Pessoas começam esquecendo o motivo pelo qual sacaram a arma. Em seguida, esquecem o rosto de um aliado. Depois, esquecem seu próprio nome. Ao final, o que sobra é silêncio interno, um vazio que escuta e nada mais. A canção também reverbera nas emoções, arrastando medos antigos, arrependimentos mal enterrados, e memórias que haviam sido deixadas para trás por necessidade ou dor. Liraeth não escolhe essas lembranças — elas vêm sozinhas, atraídas pelo compasso incompleto. Em um ambiente fechado, sua presença é devastadora: conversas se repetem, gestos perdem sentido, o tempo parece dobrar, e até feitiços são lançados sem que o conjurador saiba por quê.
pontos fortes e fracos
CONFRONTANDO A BESTA
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No vasto e selvagem mundo das criaturas, todas as bestas — das mais humildes às mais colossais — carregam em si tanto poder quanto limitação. Nenhuma é invencível, pois cada uma foi moldada pelas forças naturais, mágicas ou divinas que lhes deram origem, e essas mesmas forças impõem um equilíbrio inevitável. Se uma besta domina o fogo, ela pode ser vulnerável ao silêncio ou à ausência de oxigênio. Se carrega uma couraça impenetrável, talvez sua mobilidade seja lenta, ou seus olhos incapazes de enxergar em ambientes de pura luz. Se voa entre as tempestades, talvez não suporte a gravidade das profundezas.
pontoS forteSLiraeth é uma criatura quase intangível. Seu corpo não possui massa ou estrutura física concreta, sendo formado por ressonância e véus de energia etérea. Ataques físicos atravessam sua forma sem causar impacto real, e magias que dependem de direção ou alvo definido costumam falhar ou se dispersar em meio à oscilação do campo ao seu redor. Sua principal força está no controle absoluto da percepção. Ela distorce o tempo, confunde o foco, desorganiza pensamentos e desfaz laços mentais. Não é necessário que ela atinja alguém diretamente: basta estar presente para começar a corroer o senso de realidade da vítima. Liraeth também é imune a qualquer magia baseada em som, linguagem ou compulsão verbal, pois sua presença sonora é anterior à linguagem organizada.
PONTOS FRACOSLiraeth depende da incompletude. Sua canção só continua enquanto houver desordem emocional e memórias abertas. Se confrontada em um ambiente onde a verdade é clara, onde promessas foram cumpridas ou onde há uma forte presença espiritual de aceitação, ela começa a enfraquecer. Rituais baseados em encerramento, cânticos de completude, harmonias divinas e melodias finalizadas podem interromper a propagação de sua influência. Certos instrumentos sagrados, como sinos cerimoniais, harpas com cordas de prata viva ou tambores encantados para funerais completos, também afetam sua essência, empurrando-a de volta ao plano etéreo. Ela também é vulnerável àquilo que se mantém inteiro: nomes verdadeiros falados com convicção e vinculos familirares.
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recompensas da besta
premio de consolação
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No coração do desconhecido, além do medo e do fascínio que as bestas despertam, existe um outro motivo pelo qual tantos ousam enfrentá-las: as recompensas. Cada besta carrega em si algo único, precioso e, muitas vezes, inatingível por qualquer outro meio natural. Seja um fragmento de sua essência, um mineral que só cresce sobre seu dorso, ou uma glândula que destila poder ancestral, as bestas são fontes vivas de relíquias, materiais raros e segredos perdidos. Essas recompensas não são simples espólios de batalha — são partes do mundo que não podem ser encontradas em minas, lojas ou bibliotecas.
fragmento de veuUm pedaço flutuante de um dos véus que envolvem o corpo de Liraeth. Ao ser tocado, emite uma vibração suave e constante, como um acorde que nunca termina. Quando costurado a mantos ou capas, cria um campo de distorção sonora que silencia passivamente ambientes ao redor do portador. Útil para ocultação mágica, meditação profunda ou como componente de encantamentos que exigem quietude absoluta.
fio da noiteUm dos fios dourados que selam a boca de Liraeth, arrancado apenas quando ela se dissipa completamente. Pode ser usado em rituais de encerramento, ajudando a finalizar vínculos mágicos inacabados, exorcismos incompletos ou maldições presas a palavras não ditas. Também serve como talismã contra magias de ilusão ou compulsão, pois reforça a identidade do portador, em lembrança.
canção suspensaUm frasco que guarda o resíduo etéreo da melodia de Liraeth, capturado por alquimistas oníricos durante sua manifestação. Quando inalado ou usado em rituais, induz estados alterados de consciência, permitindo acesso a memórias esquecidas ou fragmentos de vidas passadas. Perigoso em mãos despreparadas, pois pode arrastar a mente para dentro do ciclo da melodia e aprisionar o usuário na repetição interna.
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