besta titânica
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Melka, chamada por alguns poucos que ousam pronunciar seu nome de a Fera do Vazio, é uma entidade titânica cuja presença não destrói — ela remove. Diferente de outras criaturas colossais que rasgam o solo, queimam florestas ou fazem o céu tremer, Melka não deixa cicatrizes físicas. Ela apaga o espaço, o tempo e a lembrança. Seu rastro não é um vale arruinado, mas um ponto no mapa que ninguém mais reconhece. Ela é aquilo que o mundo decide esquecer. Sua existência é um paradoxo. Quando ela se aproxima, as palavras somem da boca, os pensamentos perdem direção, e as cores do ambiente parecem desbotar como tinta na chuva. Os olhos não a seguem — eles evitam. Os que olham por muito tempo não lembram o que viram. Os que tentam enfrentá-la às vezes se voltam contra seus próprios aliados.
A forma de Melka é indefinida, mutante. Às vezes parece uma grande sombra debruçada sobre o mundo, envolta em braços longos demais para qualquer criatura. Outras vezes, seu corpo se mistura com o horizonte, como uma rachadura no ar, como uma dobra escura onde o espaço falha. Sua pele, se é que se pode chamar assim, não reflete luz, não brilha, não responde ao toque. É como se ela fosse feita de algo anterior à matéria — uma massa de ausência, viva, consciente, e absolutamente imune à lógica. Ela não caminha, não voa, não avança com peso ou impacto. Ela simplesmente está. E então não está mais. Mas o que ela tocou, o que ela olhou, o que ela rondou... deixa de ser lembrado, tornando as coisas ainda mais difíceis para ela.
características da besta
conhecimento geral
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Melka é uma criatura que desafia qualquer descrição convencional. Suas características não são fixas, e muitas vezes parecem depender da mente de quem a observa — ou melhor, daquilo que resta dessa mente após entrar em contato com ela. Ainda assim, existem padrões que se repetem entre os poucos relatos fragmentados e distorcidos que sobreviveram. Sua forma principal é vasta, serpentina e quase amorfa, como uma sombra líquida alongada que se move lentamente sem tocar o solo. Não possui olhos, mas há cavidades onde a escuridão pulsa com intensidade opaca, como se luz alguma tivesse jamais nascido ali dentro. Ela não possui boca visível, mas em seu entorno é possível ouvir, por instantes, vozes que murmuram nomes que ninguém reconhece — talvez os próprios nomes que ela apagou.
Melka é envolta por tentáculos ou braços alongados, compostos de matéria negra inconsistente, que se estendem e recuam com fluidez antinatural. Esses apêndices não agarram nem esmagam. Eles apenas tocam, e o que é tocado começa a desaparecer — não fisicamente, mas da percepção dos outros. Objetos, armas, memórias, até fragmentos de personalidade são retirados do mundo como se nunca tivessem existido. Sua movimentação é suave, deslizante, sem peso. Não há som de passos, nem deslocamento de ar. Quando ela se aproxima, os sons ao redor são engolidos, a luz enfraquece, e até mesmo o vento para. O calor e o frio deixam de ser percebidos. O tempo parece hesitar. Ela é a ausência se movendo como corpo, envolvido por uma massa escura e desconhecida, tornando tudo mais difícil.
status |
Não-Domável
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habitat |
indefinido;
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altura |
indefinido;
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comprimento |
indefinido;
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peso |
indefinido;
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dificuldade |
★★★★★
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poder da besta
sussurro do esquecimento
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O poder de Melka não está na força, na destruição física ou na fúria elemental. Melka não queima, não quebra, não rasga. Ela apaga. Seu dom é a negação absoluta da permanência. Tudo o que existe ao seu redor começa a perder definição, propósito, nome, função — até sumir da realidade, não como se tivesse morrido, mas como se nunca tivesse sido. Sua presença gera um campo de distorção perceptiva onde pensamentos se embaralham, memórias se desfazem e vínculos são cortados. Criaturas próximas começam a esquecer o que vieram fazer, onde estão, quem são. Feitiços tornam-se impossíveis de conjurar porque o conjurador esquece as palavras, esquece o gesto, esquece até mesmo que sabe usar magia. Objetos caem das mãos porque, por um instante, não parecem familiares e nem aliados.
Ela não precisa atacar. O simples toque de seus braços longos e envoltos em névoa desfaz mais do que matéria — desfaz significados. Uma lâmina tocada por Melka pode continuar fisicamente presente, mas ninguém consegue lembrar como usá-la, para que serve, ou sequer por que a empunha. Uma muralha pode continuar de pé, mas perde sua função como barreira quando todos esquecem que ela precisa ser defendida. Melka é capaz de apagar nomes verdadeiros, romper contratos arcanos, dissolver pactos espirituais e cortar laços ancestrais com um único movimento. Ela não precisa compreender aquilo que apaga — apenas percebe que aquilo ainda "existe", e esse é o suficiente para começar a desfazê-lo.
pontos fortes e fracos
CONFRONTANDO A BESTA
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No vasto e selvagem mundo das criaturas, todas as bestas — das mais humildes às mais colossais — carregam em si tanto poder quanto limitação. Nenhuma é invencível, pois cada uma foi moldada pelas forças naturais, mágicas ou divinas que lhes deram origem, e essas mesmas forças impõem um equilíbrio inevitável. Se uma besta domina o fogo, ela pode ser vulnerável ao silêncio ou à ausência de oxigênio. Se carrega uma couraça impenetrável, talvez sua mobilidade seja lenta, ou seus olhos incapazes de enxergar em ambientes de pura luz. Se voa entre as tempestades, talvez não suporte a gravidade das profundezas.
pontoS forteSMelka é imune a praticamente tudo que depende de lógica, forma e função. Ela não pode ser atingida diretamente por armas encantadas, pois os encantos se desfazem antes de alcançar seu corpo. Magias lançadas contra ela frequentemente falham ou perdem o propósito no meio da conjuração, como se o próprio feitiço esquecesse sua função. Nenhuma habilidade baseada em identificação, marcação, rastreamento ou análise mental funciona com precisão — Melka apaga a referência, tornando impossível compreendê-la por completo. Ela também não sente dor, medo ou hesitação, pois sua existência não está ligada ao instinto, mas à negação de tudo aquilo que é compreensível. Mesmo a comunicação entre aliados se torna difícil em sua presença, já que palavras e intenções começam a perder sentido.
PONTOS FRACOSApesar de seu poder incomum, Melka tem vulnerabilidades claras: ela não resiste bem à presença daquilo que é inquebrantavelmente definido. Locais sagrados ancorados por votos milenares, nomes verdadeiros pronunciados com convicção absoluta, artefatos consagrados à memória ou à identidade resistem à sua influência. Guerreiros com propósito inabalável, rituais fundados em verdades ancestrais e símbolos que carregam a força de gerações passadas criam fendas em sua distorção. Melka também reage mal ao contato com seres que aceitaram profundamente sua própria dor ou história, pois não consegue apagar o que já foi aceito com totalidade. Além disso, sua forma se torna mais visível e estável em lugares marcados por lembrança coletiva — campos de batalha onde muitos morreram por algo que jamais será esquecido, monumentos de promessa, ou santuários construídos para resistir ao tempo.
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recompensas da besta
premio de consolação
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No coração do desconhecido, além do medo e do fascínio que as bestas despertam, existe um outro motivo pelo qual tantos ousam enfrentá-las: as recompensas. Cada besta carrega em si algo único, precioso e, muitas vezes, inatingível por qualquer outro meio natural. Seja um fragmento de sua essência, um mineral que só cresce sobre seu dorso, ou uma glândula que destila poder ancestral, as bestas são fontes vivas de relíquias, materiais raros e segredos perdidos. Essas recompensas não são simples espólios de batalha — são partes do mundo que não podem ser encontradas em minas, lojas ou bibliotecas.
véu da ausenciaUm fragmento escuro e flutuante, feito de pura negação, extraído da névoa que envolve Melka. Quando usado como manto, acessório ou em rituais, permite ao portador apagar sua presença momentaneamente, tornando-se imperceptível para magias de detecção, rastreamento ou leitura espiritual. Pode atravessar zonas protegidas por runas ou encantamentos como se não existisse. Seu uso contínuo, no entanto, pode afetar a mente do usuário — quanto mais tempo invisível, mais fácil é esquecer.
fragmento da lembrançaUm cristal opaco resgatado do ponto onde Melka foi enfraquecida por lembranças profundas. Esse fragmento pulsa com uma energia contrária à dela — representa tudo o que sobreviveu à tentativa de esquecimento. Quando ativado, cria uma zona onde nenhuma ilusão, feitiço de confusão ou distorção de identidade pode agir, protegendo aliados contra perda de memória, possessão ou desorientação. Também serve como foco em rituais de evocação de nomes verdadeiros, sendo capaz de restaurar sua vida.
poeira do nomeUm punhado de cinzas escuras, coletadas no instante em que Melka foi dispersa. Ao ser lançada sobre um alvo ou objeto, essa poeira anula registros e vinculações: apaga contratos mágicos, desfaz pactos, e remove rastros deixados por rituais ou feitiços de invocação. Também pode ser usada ofensivamente contra artefatos vivos ou encantados, causando um colapso temporário em suas funções. Contudo, há um risco — se usada sem controle, a poeira pode apagar conexões pessoais do portador com o mundo, incluindo laços afetivos e memórias gerais.
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