primordial do caos
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conhecendo a divindade
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O domínio de Mordok sobre os elementos não é uma simples manipulação como fazem os Primordiais originais — ele não conjura, ele corrompe. Mordok não respeita a pureza dos elementos; ele os desconstrói, absorve e os regenera sob sua própria assinatura caótica, de forma imprevisível, instável e monstruosa. Quando ele toma para si um poder primordial, ele o converte em uma nova forma — uma aberração que reflete o caos puro por trás do universo. Quando Mordok toca o fogo de Ignareth, ele o transforma em Fogo Inverso, uma chama que não queima matéria, mas a própria identidade. Ela consome nomes, memórias, significados. Um ser tocado por esse fogo pode continuar vivo, mas se esquece até do que é respirar.
Ao corromper a água de Velynda, ele a torna Maré Abissal, uma substância líquida que não hidrata, mas dissolve barreiras existenciais. Ela faz os vivos esquecerem que são vivos, e os mortos lembrarem quem foram. Tocar essa água é flutuar entre o ser e o não-ser. Com a terra de Kaelor, Mordok molda o Solo Pulsante, uma massa viva de rocha mutante que cria estruturas e criaturas baseadas nos pensamentos e medos de quem caminha sobre ela. Castelos que gemem, árvores que sangram, colinas que se arrastam — tudo é possível. Do ar de Aurenox, ele extrai o Sopro Anárquico, um vento invisível que entoa múltiplas vozes — todas dizendo verdades e mentiras ao mesmo tempo. Aqueles que o respiram passam a enxergar inúmeras realidades simultâneas, enlouquecendo com o peso das escolhas que nunca fizeram. Essas manifestações não são permanentes. Elas se transformam com o tempo, pois o Caos de Mordok nunca permanece o mesmo. Ele pode alternar entre os elementos à vontade, misturá-los, fundi-los em aberrações elementais impossíveis — como chuva flamejante que canta ou trovões que se multiplicam como espelhos estilhaçados. Seus irmãos não o temiam por poderem ser vencidos em combate, mas porque suas criações podiam ser desfeitas, mas as de Mordok se adaptam, resistem, e renascem mais imprevisíveis se tornando ainda mais perigosas.
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limites da criação
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Arte Caótica é o ápice do poder de Mordok — não é apenas uma técnica, mas uma manifesta divina do próprio caos encarnado, uma antimagia absoluta que ressignifica os elementos, desfaz estruturas lógicas e contamina a realidade com sua essência mutável. Quando Mordok invoca a Arte Caótica, ele não apenas distorce os elementos ao seu redor — ele rompe a linguagem do mundo, fazendo com que os conceitos percam sua estabilidade. Em sua presença, a gravidade pode puxar para cima, as cores se tornam sons, o tempo pode começar a andar para trás, e as vontades se fundem em impulsos primitivos. As leis da criação, fundadas pelos Primordiais, se contorcem se tornando um perigo contra a própria criação.
No centro desse colapso, Mordok permanece inalterado — não por resistência, mas porque ele é o núcleo da mudança perpétua. Seu corpo, ao canalizar a Arte Caótica, se fragmenta em ecos de si mesmo: versões que sorriem, choram, matam, observam e amam ao mesmo tempo, todas expressando a multiplicidade do caos como uma sinfonia impossível de traduzir. Sua voz, ao falar, carrega mil significados conflitantes, e todos são verdadeiros por um instante. O poder da Arte Caótica é tão vasto que desafia o papel dos deuses, pois não é poder no sentido tradicional — é liberdade absoluta, selvagem, sem filtros, sem moral, sem finalidade. É a ideia de que tudo pode deixar de ser o que é e se tornar algo que ninguém jamais compreenderá. É o fim da previsibilidade, o riso final do caos antes da reconstrução sem sentido.
E o mais temido não é quando Mordok a invoca. É quando ele sussurra a ideia da Arte Caótica a um mortal — pois se esse mortal acreditar que também pode negar todas as leis e ressignificar a essência, então a ruptura não virá mais de Mordok… virá de dentro do mundo.
E o mais temido não é quando Mordok a invoca. É quando ele sussurra a ideia da Arte Caótica a um mortal — pois se esse mortal acreditar que também pode negar todas as leis e ressignificar a essência, então a ruptura não virá mais de Mordok… virá de dentro do mundo.
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Passos finais
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Mesmo aprisionado nas profundezas do desconhecido, Mordok jamais foi silenciado. Seu corpo pode ter sido selado pelos irmãos primordiais, mas sua essência — o caos em sua forma mais pura — não pode ser contida por grades, encantamentos ou leis. Ela se infiltra nas rachaduras da realidade, nos pensamentos dos desesperados, nos sonhos dos ambiciosos, nos silêncios entre as palavras dos profetas. Onde houver dúvida, onde houver desejo de romper os limites, Mordok sussurra. Foi assim que surgiu a Congregação, uma guilda envolta em mistério e heresia, composta por exilados, cultistas, místicos renegados e antigos estudiosos do Éter que abandonaram o caminho da ordem. Guiados por vozes que não deveriam existir, eles encontraram fragmentos da presença caótica de Mordok e se uniram em torno de um único objeto sagrado e profano: o Darkhold, também chamado de Tomo da Dissonância Perpétua, em seus registros.
O Darkhold não é um livro comum. Ele é feito de matéria viva, pulsante, coberto por inscrições que mudam constantemente e se reescrevem de acordo com o leitor. Cada página é uma armadilha conceitual — o que é lido transforma o que se é. E cada feitiço transcrito ali é uma derivação direta da Arte Caótica, adaptada para os limites dos mortais... mas sempre com um preço. A Congregação não busca domínio político, nem glória. Eles almejam ruptura. Através do Darkhold, seus membros aprendem a distorcer magias convencionais, corromper rituais divinos e reverter maldições como bênçãos invertidas. Em suas mãos, as leis do mundo são dobradas e reinventadas. Eles criam portais que levam a lugares que não existem, conjuram entidades que não têm nome e invocam a si mesmos de outras realidades para lutarem ao lado de suas versões presentes. O mais terrível é que cada vez que um feitiço do Darkhold é usado, Mordok se alimenta. Seu nome se espalha entre planos como uma heresia sussurrada, como um vírus de possibilidade. A cada corrupto que abraça sua essência, uma pequena rachadura surge nas muralhas de sua prisão. A cada ritual da Congregação, o mundo se aproxima um pouco mais da ruptura, onde ele retornará e causará caos.