O Nethereon, dentro da cosmologia de Midrel, é muito mais do que apenas o reino dos mortos — ele é um espelho sombrio da existência, um reflexo distorcido do mundo dos vivos onde o tempo não flui da mesma maneira e onde cada pensamento, cada lembrança e cada arrependimento ganham forma. É uma dimensão que pulsa com energia espiritual densa e silenciosa, onde as almas, ao chegarem, não são apenas levadas por correntes invisíveis, mas sim confrontadas por sua própria essência. Ali, não existem mentiras, máscaras ou desculpas — apenas a verdade crua do que a alma se tornou ao longo de sua jornada. A travessia do Nethereon não é imediata nem linear. Quando uma alma adentra esse mundo além, ela é envolvida por uma névoa densa conhecida como o Véu de Thassil, que embaralha suas memórias e enfraquece seu senso de identidade. Algumas almas conseguem manter sua lucidez, outras se perdem para sempre, tornando-se ecos vazios ou espectros famintos por lembrança. Esses espectros, chamados de lamúrias, vagam por zonas esquecidas, cantando lamentos que carregam fragmentos do mundo mortal.
Governante Infernal
Erebus, o guardião supremo do Nethereon, é uma entidade tão antiga quanto o próprio conceito de morte. Ele não é um deus no sentido tradicional — com templos, oferendas ou fiéis —, mas uma força primordial que se manifesta como consciência e presença no limiar entre o fim e o que vem depois. Erebus não busca ser adorado; ele apenas é. Sempre foi. E sempre será, enquanto houver a necessidade de equilíbrio entre a existência e o esquecimento.
limites do mundo fases do NETHEREON
Nethereon, no contexto profundo e complexo do universo de Midrel, não é apenas o lugar onde as almas descansam — é o palco onde se desdobra a grande verdade espiritual de toda existência. Ele ressoa com elementos ancestrais comuns a várias culturas, mas carrega consigo interpretações únicas, moldadas pelas forças que regem o cosmo de Midrel. A transição da vida para a morte não é abrupta, mas marcada por uma jornada cuidadosamente orquestrada, onde cada alma é conduzida por um caminho que reflete aquilo que foi em vida — e aquilo que poderá se tornar. A jornada no submundo começa com a Passagem Inicial, conhecida como O Desvelar. Neste momento, as almas cruzam o Véu de Frandir, uma fronteira tênue entre a carne e o espírito, onde a consciência ainda hesita. É um instante delicado: muitos não percebem que morreram, outros lutam para não deixar o mundo dos vivos.
Lá, inicia-se o Julgamento, ou a Balança de Vorenth, onde os Senhores da Morte, figuras imponentes e silenciosas, pesam não apenas os atos, mas as intenções, arrependimentos e consequências geradas em vida. Cada alma é levada a reviver momentos fundamentais de sua trajetória, e ao fazê-lo, se desnuda diante de si mesma. Essa experiência não visa castigar, mas revelar, pois o julgamento é antes uma revelação do que uma condenação. Além desses, há reinos menores, domínios transitórios, e até zonas neutras, como O Salão dos Ecos, onde almas que se recusam a aceitar sua morte permanecem em negação até que algo — ou alguém — as desperte. Há também reinos esquecidos, perdidos ou selados, cujos nomes não são mais pronunciados por medo de evocação. Todos esses reinos, entretanto, fazem parte de uma estrutura maior, mantida pela vontade constante de Erebus, o guardião supremo de Nethereon. Erebus mantém o equilíbrio e assegura que nenhuma alma se perca ou fuja de seu destino. Seu silêncio é a garantia de que o ciclo continua. Assim, Nethereon se revela como um mundo onde o fim é apenas o início de outra verdade. Não há caminho igual para duas almas — cada jornada é moldada por quem a percorre, e cada julgamento, por quem realmente se foi.
conhecimentos extras criaturas SOMBRIAS
Em Nethereon, as criaturas infernais representam manifestações do desequilíbrio espiritual, da dor não resolvida e da essência distorcida daqueles que falharam nos caminhos da vida ou que se perderam nas sombras do próprio ego. Elas existem em camadas, não apenas hierárquicas, mas também simbólicas — refletindo o peso das escolhas feitas pelos mortais ao longo de suas jornadas. Algumas dessas entidades ocupam postos fixos nos limiares do submundo, atuando como guardiãs de portais que conectam o mundo dos vivos ao reino dos mortos. Seus corpos são forjados com as energias densas do além e moldados para resistir a qualquer tentativa de invasão. Suas presenças são tão impactantes que mesmo as almas mais corajosas hesitam ao encará-las. Elas não apenas impedem a entrada de vivos, mas também evitam que almas condenadas escapem de seus destinos.
Outras criaturas habitam as regiões mais profundas, servindo como instrumentos do julgamento ou da punição. Elas não se alimentam de carne, mas das memórias e da essência espiritual dos condenados. Muitas vezes, são movidas por ordens superiores — entidades maiores que orquestram o equilíbrio entre justiça e tormento. Mas em certos casos, essas criaturas se entregam a jogos cruéis de poder, tentando manipular a estrutura do submundo em seu favor. Há também aquelas que mantêm relações diretas com os senhores da morte ou com divindades sombrias. Elas servem como executoras da vontade divina, mas sua lealdade nem sempre é constante. Alguns desses seres procuram se libertar de seus vínculos, buscando autonomia e domínio sobre áreas esquecidas de Nethereon, onde possam moldar sua própria lei. Outras ainda são o resultado da degeneração espiritual — almas humanas transformadas ao longo de séculos em formas corrompidas, muitas vezes irreconhecíveis. Essas criaturas representam a falência absoluta da redenção, presenças trágicas que vagam sem rumo, impulsionadas por ódio ou desejo de vingança. Algumas tentam recuperar fragmentos de si mesmas.
ACESSO AO MUNDO PORTOES INFERNAIS
Há eras, muito antes do surgimento dos reinos e das civilizações, o universo ainda engatinhava em sua infância caótica. Nethereon, um reino de trevas e sombras, jazia nas profundezas do cosmos — adormecido, inexplorado, aguardando ser descoberto pelos olhos ousados dos mortais. Segundo os relatos preservados pela mitologia antiga, os Portões Infernais foram forjados em um raro momento de convergência entre as forças da criação: uma obra de cooperação entre os deuses da luz e das trevas. Não eram portais comuns, mas sim passagens sagradas, moldadas para permitir um trânsito seguro entre o mundo dos vivos e o mundo além. No limiar entre ambos os planos, foi designada uma figura divina de natureza neutra, cujo nome jamais foi revelado. Essa entidade, um reflexo do próprio equilíbrio cósmico, não servia à luz nem à escuridão. Sua missão era clara: preservar a harmonia entre os dois mundos, garantindo que nenhum sobrepujasse o outro.
Sob seu olhar silencioso, os Portões Infernais tornaram-se um limiar justo — uma trilha para os dignos e um muro intransponível para os ambiciosos. Aqueles cujos corações estavam manchados pelo desejo de corromper ou dominar jamais encontravam passagem. Com o tempo, os portões foram selados. Ainda assim, sua existência jamais foi esquecida. Em noites sem luar, antigos ecos do submundo sussurram através do véu entre os mundos, reacendendo lendas e temores. Histórias de criaturas ocultas, rituais esquecidos e magias proibidas alimentam as sombras da memória coletiva. A origem dos Portões Infernais permanece como um lembrete sombrio e solene: o universo é regido por forças que transcendem a compreensão humana. E, por mais que os deuses tenham tentado estabelecer ordem, a curiosidade dos mortais — aliada à ambição desenfreada — sempre encontrará maneiras de romper selos e desenterrar terrores adormecidos, que atingem seus objetivos.