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​​quinto bahamut
nyrrhagal


Nyrrhagal é uma das entidades mais enigmáticas e paradoxais da linhagem dracônica, conhecido em lendas antigas como o Bahamut das Cinzas, o guardião e executor do ciclo de destruição e renascimento através do fogo que não aquece, mas queima até restar apenas pó. Sua existência transcende o conceito tradicional de um Bahamut: ele é tanto o colosso dracônico que reduz mundos inteiros a esqueletos fumegantes quanto a fênix queimada, um ser que se recusa a renascer, mantendo-se eternamente no estado entre a morte e a vida, como um brasão de glória carbonizada que desafia o ciclo natural da ressurreição. Na sua forma dracônica, Nyrrhagal manifesta-se como uma criatura imensa, de proporções tão vastas que sua presença obscurece o céu, atingindo assim seus objetivos.
Seu corpo é revestido por escamas negras e rachadas, como carvão prestes a desabar em poeira, e em várias partes, a estrutura óssea se expõe, retorcida e incandescente, como se o calor ainda residisse no que deveria ter se extinguido. Das fendas entre as placas escamosas, escapam vapores tóxicos e línguas de fogo espectral, de um laranja pálido e doente, que não arde como chama viva, mas consome tudo de forma lenta e inexorável. As asas, outrora majestosas, são agora farrapos de membranas calcinadas, mas mesmo assim, estendem-se e sustentam o Bahamut nos ares, batendo lentamente, como se cada movimento fosse o estertor final de uma criatura que se recusa a ceder, atingindo assim o máximo de poder que ele consegue em batalha.

​características da besta
conhecimento geral


Nyrrhagal, o Bahamut das Cinzas, possui uma anatomia que reflete a própria essência da ruína eterna, onde cada parte de seu corpo é uma declaração silenciosa de um ciclo quebrado, uma chama que se negou ao renascimento. Sua estrutura colossal é ao mesmo tempo imponente e decadente: o corpo, outrora revestido de escamas densas e brilhantes, agora se apresenta com placas carbonizadas, fragmentadas e frágeis como carvão prestes a desfazer-se ao menor toque. Entre essas fendas, é possível ver a carne pulsante e incandescente, não como vida vibrante, mas como brasa sufocada, um calor sem cor, que irradia uma temperatura tão elevada que o ar ao seu redor parece sempre distorcido, ondulante, como uma miragem que antecede o colapso de seu glorioso poder.
As asas de Nyrrhagal são vastas e majestosas, mas já não possuem a plenitude de membranas que sustentam o voo com graciosidade. São estruturas esqueléticas, com longos ossos expostos e cobertos por retalhos de pele calcinada, que quando se abrem, despejam no céu uma chuva constante de fuligem e pequenas brasas, tingindo a atmosfera de um tom perene de crepúsculo e desolação. Cada movimento dessas asas gera correntes de ar carregadas de cinzas tóxicas, capazes de sufocar e corroer tudo o que respiram, como se o próprio ato de movimentar-se fosse um gesto de extinção. Sua cabeça é marcada por chifres retorcidos e quebrados, símbolos de batalhas há muito encerradas, e o focinho é alongado e firme, com presas que não mais brilham com o marfim da juventude dracônica, mas que se tingiram de negro, impregnadas pelas cinzas das incontáveis existências que consumiu. Os olhos, talvez a parte mais perturbadora, não possuem brilho ou cor vívida; são dois orbes opacos e profundos, como buracos abertos na face de uma estátua funerária, que ao fixarem um ser ou uma paisagem parecem já anunciar sua obliteração inevitável. Em sua forma de Fênix Queimada, a transformação física não suaviza, mas intensifica seu aspecto trágico: as penas são frágeis e quebradiças, como lâminas finas de obsidiana que ao menor contato se desfazem em pó brilhante, e ao bater das asas, o ar se enche de partículas incandescentes que pairam antes de cair lentamente ao solo, marcando tudo com a promessa de um fim sem retorno. As garras, curvas e poderosas, estão sempre aquecidas a tal ponto que deixam marcas de vidro fundido onde quer que toquem, e o bico, negro e reluzente, carrega o formato afiado de uma lâmina de obsidiana, símbolo de que sua função não é nutrir ou construir, mas cortar, extinguir.

​pacto da besta
batismo de cinza


Firmar um pacto com Nyrrhagal, o Bahamut das Cinzas, é aceitar a extinção como destino e carregar consigo a essência do fogo que queima sem jamais iluminar, a chama que consome, mas não aquece. O pacto não é um juramento celebrado em palavras ou cerimônias festivas; é um ato de renúncia, uma entrega silenciosa à inevitabilidade da ruína e à aceitação plena de que algumas coisas não renascem, apenas se perpetuam como cinzas espalhadas pelo vento. O ritual que sela este vínculo é conhecido como o Batismo de Cinza. Nele, o aspirante ao pacto deve atravessar um território devastado por Nyrrhagal, uma terra onde não restou vida, apenas desolação, e caminhar por horas ou dias respirando o ar seco e calcinado, até que sua carne comece a rachar, seus pulmões ardam e sua alma se fragmente, deixando para trás a vontade de resistir à entropia. Quando, finalmente, o pactuante se rende, ajoelhado em meio ao pó das coisas esquecidas, Nyrrhagal se manifesta não com estrondo, mas com uma sombra silenciosa que encobre o céu e, com um simples sopro, o envolve numa nuvem de cinzas quentes que penetram a pele, os ossos e o espírito.
Esse sopro imprime no coração do pactuante a Marca das Cinzas Eternas, uma mancha espectral que não é visível a olho nu, mas que se faz sentir como um peso constante: o calor sufocante da ruína, o estalar incessante das brasas sob a pele, o cheiro persistente de coisas queimadas. A partir deste momento, o pactuante torna-se um Arauto das Cinzas, portador do legado de Nyrrhagal e executor da vontade que não cria, mas consome. Aquele que aceita o pacto adquire habilidades singulares: passa a controlar as chamas espectrais de Nyrrhagal, fogo que não se propaga por combustão tradicional, mas que incinera essência, desintegra memórias e apaga vestígios, deixando apenas poeira. Pode invocar rajadas desse fogo silencioso, que não produzem som ou luz vibrante, mas se manifestam como véus pálidos e opressivos, destruindo o que tocam de forma lenta, meticulosa e irreversível. Além disso, desenvolve a capacidade de caminhar ileso por ambientes tóxicos e hostis, respirar entre as cinzas e resistir ao calor extremo, como se fosse uma extensão da própria devastação. Mas o verdadeiro poder — e maldição — do pacto está na impossibilidade do renascimento. O pactuante, como Nyrrhagal, abdica do ciclo de vida, morte e retorno. Ferimentos que seriam mortais para qualquer outro ser se transformam em cicatrizes secas, negras, que jamais se curam plenamente, marcando o corpo como um mapa da própria deterioração. A longevidade é estendida indefinidamente, mas não através de uma vitalidade plena, e sim pela perpetuação de um estado crepuscular, onde a existência se mantém como a brasa que recusa apagar-se, mas que também jamais volta a ser chama.

​poder da besta
pira das cinzas


O poder absoluto de Nyrrhagal, o Bahamut das Cinzas, é conhecido como a Pira das Cinzas Eternas, uma manifestação que não apenas consome matéria, mas aniquila a própria essência das coisas, reduzindo não só corpos, mas também memórias, histórias e legados ao estado final e irreversível de pó. Este poder não se manifesta como o fogo violento e ruidoso de uma explosão ou de uma chama viva, mas como um incêndio silencioso, frio e implacável, que se alastra sem pressa, cobrindo territórios com uma onda de calor seco e corrosivo. Quando Nyrrhagal ativa a Pira das Cinzas Eternas, sua pele, já rachada e carbonizada, começa a exalar vapores espectrais, formando uma névoa densa e sufocante que se espalha em todas as direções, obscurecendo a luz e abafando o som. Neste ambiente sufocado, a temperatura não explode repentinamente, mas sobe lentamente, irresistivelmente, até que tudo ao redor — seja pedra, madeira, metal ou carne — comece a se desintegrar em finas partículas de cinza, quebrando-se de dentro para fora, como se a estrutura vital de cada elemento estivesse sendo sugada para um vazio absoluto.
Esse poder age não apenas sobre o plano físico, mas também sobre o espiritual e o mágico: feitiços se desfazem, encantamentos se dissipam, e até entidades incorpóreas, como espíritos ou projeções, são atraídas para o vórtice silencioso de cinzas que se forma ao redor de Nyrrhagal, sendo consumidas e reduzidas a resíduos espectrais, para nunca mais se recompor. A Pira das Cinzas Eternas não deixa sobreviventes, mas também não deixa vestígios do que um dia existiu; onde antes havia florestas, cidades, monumentos ou seres, resta apenas uma paisagem estéril, plana, coberta por uma camada uniforme de pó cinzento que se esfarela ao menor sopro de vento. Nyrrhagal não precisa tocar ou olhar diretamente para destruir. A simples proximidade à sua presença durante a ativação deste poder é suficiente para desencadear a combustão espectral. Criaturas vivas que tentam resistir sofrem uma deterioração lenta: primeiro, os pelos e cabelos se desfazem, depois a pele se racha e começa a desprender-se em flocos de cinza, enquanto os ossos se fragilizam e colapsam em silêncio, até que nada reste além de um montículo indistinto.  O mais terrível deste poder não é sua velocidade ou força bruta, mas a sua inevitabilidade e a atmosfera de desolação que o acompanha: o silêncio opressivo, o ar rarefeito e seco, o calor que não queima de imediato, mas que invade o corpo e paralisa os pulmões, e a ausência total de qualquer esperança de renascimento, pois aquilo que Nyrrhagal consome não pode ser recriado ou lembrado. As próprias memórias coletivas sobre aquilo que foi consumido tendem a se desvanecer com o tempo, como se o Bahamut das Cinzas não apenas destruísse coisas, mas apagasse sua passagem do fluxo da existência, de maneira grandiosa e perigosa.

​​informações adicionais
eterno fim


Nyrrhagal, o Bahamut das Cinzas, é mais do que uma entidade de destruição: ele é a ideia pura do fim sem retorno, a presença viva de que tudo que existe está condenado à erosão, ao esquecimento e à dissolução silenciosa. Sua lenda atravessa culturas e eras como uma sombra que paira além do tempo, não como um terror imediato, mas como uma lembrança inevitável de que até as coisas mais grandiosas — montanhas, civilizações, deuses — serão reduzidas ao pó que o vento carrega sem direção. Diferente de outras bestas e entidades dracônicas, Nyrrhagal não busca combate, nem glória, nem desafio. Ele não age por desejo ou ambição, mas por um propósito intrínseco, imutável e silencioso: ser o executor da ruína absoluta, o fim onde o ciclo natural de nascimento, crescimento, decadência e renascimento é finalmente interrompido e selado.
Muitos sábios e teólogos acreditam que Nyrrhagal foi o primeiro Bahamut a compreender a falácia do ciclo infinito da vida e da morte, recusando-se a participar dele, transformando-se voluntariamente naquilo que ele mesmo nomeia como "o fim dos fins". Sua forma de Fênix Queimada é uma metáfora viva desta recusa: não é um acidente ou uma maldição, mas uma escolha deliberada de permanecer eternamente no estado pós-morte, como uma recordação petrificada do que ocorre quando a vontade de renascer se esgota. Em regiões assoladas por cataclismos ou onde reinos caíram e foram soterrados pelo tempo, há sempre rumores de que Nyrrhagal passou por ali, não como um guerreiro ou predador, mas como uma força silenciosa que soterrou histórias, memórias e legados sob camadas de pó inerte. Diz-se que, em locais onde ele esteve, nenhuma vida jamais floresce novamente; a terra permanece infértil, as águas estagnam ou evaporam, e até as almas que ali pereceram são incapazes de encontrar passagem para qualquer além-vida, ficando presas e fragmentadas entre as cinzas, dissolvendo-se lentamente na ausência de qualquer chama ou frio, até sumirem completamente. Poucos ousam invocar ou buscar Nyrrhagal, pois sua presença não pode ser negociada, dominada ou desviada. Quando ele escolhe aparecer, não há resistência possível, pois ele não apenas destrói, mas apaga — e aquilo que é apagado por Nyrrhagal deixa de existir não só no plano físico, mas também na memória do mundo e na tessitura mágica que sustenta a realidade. ​Ainda assim, existem ordens ocultas, os chamados Fiandeiros da Cinza, que cultuam Nyrrhagal como o último juiz, oferecendo-se como instrumentos de sua vontade em lugares onde creem que a ruína deve ser completa, onde não deve mais haver a ilusão da recuperação.