​​besta eterea
talmarun
Tal’Marun, o Ladrão de Nomes, é uma entidade etérea que não chega com barulho, nem com luz. Ele surge onde o esquecimento tem peso, onde alguém foi apagado, negado ou rejeitado pelo mundo e por si mesmo. Ele não veste forma monstruosa nem carrega armas — Tal’Marun é o silêncio após o último grito, o vazio deixado quando um nome não é mais lembrado. Sua aparência é quase humana, mas distorcida, como se alguém tivesse começado a esculpir um rosto e parado antes de finalizar. O corpo é magro, esticado, envolto por camadas de tecido esfarrapado que parecem feitos de papel velho ou pele ressecada. Em vez de olhos, tem cavidades escuras. Sua boca está sempre parcialmente aberta, como se estivesse eternamente prestes a sussurrar algo que nunca vem, o que o torna ainda mais perigoso.
Tal’Marun não caça para matar. Ele se aproxima de forma invisível, muitas vezes durante o sono ou em momentos de distração profunda, e remove um nome. Pode ser o nome da pessoa. Pode ser o nome de alguém que ela ama. Pode ser o nome de uma lembrança importante, de uma cidade natal, de um juramento antigo. O que foi roubado deixa de existir no mundo para aquela pessoa. E, com o tempo, se mais nomes forem tomados, ela mesma começa a desaparecer. Aqueles que perdem nomes por Tal’Marun tornam-se ocos. Continuam vivos, mas não se reconhecem. Perdem conexões, esquecem laços, e o mundo começa a esquecê-los também. É como se o roubo de um nome apagasse o alicerce de uma identidade perfeita.

​características da besta
conhecimento geral
Tal’Marun é temido entre estudiosos do véu, bardos, oradores, conjuradores nominais e cartógrafos arcanos — todos os que compreendem o poder que reside na nomeação. Ele não é apenas uma criatura etérea: é um princípio em forma viva, uma resposta silenciosa do plano dos ecos à fragilidade da identidade. Onde nomes são esquecidos, apagados ou deliberadamente ocultos, ele se manifesta como um ladrão invisível, movendo-se entre palavras não ditas e memórias não evocadas. A presença de Tal’Marun é quase impossível de detectar. Ele não emite aura, não causa dor imediata, nem altera o ambiente de maneira física. Seu sinal está no súbito vazio que toma a mente: uma lembrança que parecia clara torna-se embaçada, um rosto querido perde seu nome, uma oração falha.
Ao contrário de outras bestas etéreas que agem por instinto, Tal’Marun parece escolher com critério seus alvos. Costuma agir sobre aqueles que renegaram seu passado, que mentiram sobre sua origem, que mudaram de nome para escapar do que foram. Ele ronda lugares de transição identitária: monastérios que acolhem pecadores, arquivos queimados, campos de batalha onde legados foram perdidos. Seu toque não é físico, mas simbólico — uma retirada precisa de um fio da alma, aquele que sustenta a memória de um nome verdadeiro. Alguns rituais antigos de proteção envolvem a repetição do próprio nome por sete noites consecutivas, sempre antes do sono, como forma de fixar a identidade no mundo. Outros consagram objetos com o nome inscrito em prata, selando memórias antigas.

status
Não-Domável

habitat
Templos, Bibliotecas

altura
2.0 metros;

comprimento
2.6 metros;

peso
indefinido;

dificuldade
★★★★★

​poder da besta
roubo de nome
Tal’Marun não precisa tocar fisicamente sua vítima. Quando decide agir, ele apenas observa — imóvel, silencioso, distante. O alvo, muitas vezes sem saber, sente um vazio crescer lentamente dentro da mente. Primeiro vem o esquecimento de pequenos nomes: uma rua conhecida, uma lembrança da infância, um apelido querido. Depois, o efeito se aprofunda. A vítima tenta pronunciar o próprio nome ou o de alguém importante... e não consegue. A palavra simplesmente não vem. Não há dor, nem grito — apenas a ausência. Esse roubo não apaga apenas a memória do nome, mas tudo o que ele sustenta: laços, sentimentos, identidades, habilidades relacionadas. Um mago que esquece o nome da divindade a quem serve perde o vínculo, tornando-se assim mais perigoso do que se pode imaginar.
Quanto mais tempo o nome permanecer roubado, mais o alvo se distancia da realidade. As pessoas ao redor começam a esquecê-lo também, mesmo que o vejam diariamente. Documentos perdem valor, feitiços falham ao tentar identificar a alma, e portais se recusam a reconhecer a existência do ser apagado. A própria alma começa a se dissipar — não por dano, mas por ausência de reconhecimento. Tal’Marun pode roubar múltiplos nomes em uma única noite, mas seu vínculo com cada vítima é único. Se ele for interrompido antes de completar a extração — seja por pronunciamento firme do nome perdido, por um objeto-símbolo restaurado, ou por uma lembrança recuperada com intensidade — ele se retira, e o nome retorna.

​pontos fortes e fracos
CONFRONTANDO A BESTA
No vasto e selvagem mundo das criaturas, todas as bestas — das mais humildes às mais colossais — carregam em si tanto poder quanto limitação. Nenhuma é invencível, pois cada uma foi moldada pelas forças naturais, mágicas ou divinas que lhes deram origem, e essas mesmas forças impõem um equilíbrio inevitável. Se uma besta domina o fogo, ela pode ser vulnerável ao silêncio ou à ausência de oxigênio. Se carrega uma couraça impenetrável, talvez sua mobilidade seja lenta, ou seus olhos incapazes de enxergar em ambientes de pura luz. Se voa entre as tempestades, talvez não suporte a gravidade das profundezas.

pontoS forteS

Tal’Marun é intangível e silencioso. Ele não pode ser ferido por armas físicas, nem afetado por magias que dependem de forma, massa ou impacto direto. Sua presença não é anunciada por pressão mágica ou alteração visível do ambiente — ele simplesmente está, como uma ausência que se infiltra. Além disso, ele é imune a encantamentos baseados em medo, compulsão ou ilusões, pois atua fora do campo da emoção e da percepção sensorial: sua ação é simbólica, direta na alma. Seu poder ignora defesas convencionais. Barreiras mágicas, proteções espirituais básicas ou runas de proteção contra entidades não impedem o Roubo de Nome, pois ele não é um ataque comum — é uma remoção silenciosa de um elo.

PONTOS FRACOS

Tal’Marun depende do silêncio para agir. Ele não pode apagar nomes que são repetidos com verdade, sentimento e firmeza. Rituais diários de lembrança, registros escritos com devoção, juramentos gravados em pedra ou metal — tudo isso dificulta ou até impede sua aproximação. Objetos-símbolos com forte carga identitária (como anéis de família, brasões, cartas escritas à mão com nomes completos) funcionam como âncoras contra seu toque. Ele também não resiste à evocação pública. Quando o nome de uma vítima é falado por múltiplas pessoas com intenção sincera, sua ligação com Tal’Marun é desfeita imediatamente. ​Por fim, se alguém souber o nome verdadeiro de Tal’Marun pode forçá-lo a recuar e desaparecer diante de você.

​​recompensas da besta
premio de consolação
No coração do desconhecido, além do medo e do fascínio que as bestas despertam, existe um outro motivo pelo qual tantos ousam enfrentá-las: as recompensas. Cada besta carrega em si algo único, precioso e, muitas vezes, inatingível por qualquer outro meio natural. Seja um fragmento de sua essência, um mineral que só cresce sobre seu dorso, ou uma glândula que destila poder ancestral, as bestas são fontes vivas de relíquias, materiais raros e segredos perdidos. ​Essas recompensas não são simples espólios de batalha — são partes do mundo que não podem ser encontradas em minas, lojas ou bibliotecas.

lingua de prata

Um fragmento fino e escuro de prata espiritual, retirado de um dos véus de Tal’Marun após sua retirada de uma vítima. Ao ser embutido em anéis, colares ou bastões, impede que o nome do portador seja esquecido por magias, maldições ou interferências etéreas. Também pode ser usado em rituais para restaurar nomes perdidos, desde que ainda haja alguém no mundo que se lembre deles. Porém, carregar esse item por muito tempo causa sonhos recorrentes com vozes sussurrando nomes.

simbolo esquecido

Um pequeno amuleto de pedra negra onde está gravado um símbolo que ninguém sabe identificar — nem mesmo o artesão que o talhou. Trata-se de um nome apagado que Tal’Marun tentou levar, mas não conseguiu. O objeto serve como escudo contra apagamentos identitários, protegendo memórias pessoais e ancestrais. Em rituais, pode ser usado para invocar a lembrança de alguém cujo nome foi roubado, trazendo à tona fragmentos de sua existência perdida.

nó de voz

Um cordão de linho trançado com fios etéreos arrancados de vítimas que quase foram apagadas. Quando usado ao redor do pulso ou da garganta, protege o usuário de encantamentos que visam silenciar, confundir ou roubar palavras. Também permite, uma vez por dia, recuperar uma lembrança esquecida, desde que esteja ligada a um nome. No entanto, ativar esse efeito pode atrair a atenção de Tal’Marun, caso o nome recuperado tenha sido tomado.